quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PRIMAVERA



PRIMAVERA



      É na primavera que a energia da semente se move em direção ao céu, gerando matéria e fazendo aparecer uma nova forma na superfíie da terra. Por isso se diz que a primavera é o começo, a criação.

      Na primavera a capacidade de criação e realização do ser humano se exprime através da criatividade. Há uma grande energia sexual no ar, se possível conter na primavera, empregando em atividades criativas, o tônus sexual se manterá o ano inteiro.

      Pelos conhecimentos da Medicina Chinesa, a primavera está relacionada ao elemento madeira, onde os quatro outros elementos são: água, fogo, terra e metal. Este elemento fica mais ativo na primavera, portanto mais sujeito a desequilíbrios fígado, vesícula, músculos e tendões, olhos, imaginação.

      E como a primavera é a estação do sabor ácido, ou seja, ele já está no ar, o ideal é reduzir o ácido, aumentar o doce para proteger Terra (estômago, baço, pâncreas), aumentar o sabor picante para moderar Madeira e nutrir Água (rins e bexiga) e caprichar nos alimentos quentes para receber confortavelmente o calor do verão.

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PARA VOCÊ QUE NÃO TEM VESÍCULA, CUIDE-SE DA MESMA FORMA, VOCÊ AINDA TEM O MERIDIANO DA VESÍCULA BILIAR.


DOCE NÃO É AÇUCAR, É SABOR DOCE: MEL, QUIABO, AMÊNDOA, ETC


ALIMENTOS QUENTES PARA MEDICINA CHINESA SÃO OS DE NATUREZA QUENTE: PIMENTÃO, NOZ MOSCADA, ALHO-PORÓ, ETC


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     Se você está tendo insônia, pesadelos, ataques de raiva, irritação, intolerância, mau humor, não consegue relaxar para dormir, olhos vermelhos, está em desarmonia com o elemento Madeira.

     Madeira em harmonia garante a capacidade de coordenação e controle em situações críticas: não deixa você entrar em pânico, desmaiar, enfiar a cara na parede ou o carro no poste, coisas assim. Desorientação, desânimo diante de dificuldades e surtos de desordem motora mostram desarmonia.


CUIDE-SE.


Valéria Morym
Terapeuta Holística
CRT: 45171






Fonte: Manual do Heroi









quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Workshop Constelação Familiar

O trabalho sistêmico fenomenológico vem a partir da concepção da vida, do fluir no desenvolvimento natural.
Estamos inseridos dentro de um grande sistema contínuo, de diversos elementos que se interagem e de certa
forma são inter-dependentes. Nenhum organismo é um sistema estático, fechado ao mundo exterior;
e sim um sistema aberto num estado (quase) estacionário, onde há uma constante troca de informações
entre os mais diversos níveis. Não temos como falar de constelação familiar sem falar da visão sistêmica.

Nascemos dentro de um sistema familiar, que existe há muitos anos e onde não sabemos direito o seu histórico por completo.

Foram gerações atrás de gerações, com muitas histórias, acontecimentos, e situações felizes e trágicas.

Herdamos através dos nossos pais e ancestrais toda a carga morfogenética (morfo=forma) e não damos conta dos padrões, das crenças e até mesmo dos "repetecos" de histórias dentro da nossa família.
O trabalho de constelação familiar é uma oportunidade de identificarmos de forma consciente o que está acontecendo com o sistema familiar, podendo assim resolver os conflitos a partir da escolha interna de cada um.

Como é um trabalho de pulsação da vida, do fluir, então tudo que está relacionado com a vida pode ser trabalhado, desde que traga um significado importante para você.

• Conflitos familiares (pais, filhos, irmãos, tios, avôs);

• Conflitos entre casais;

• Dificuldade em lidar com perdas de parentes, pessoas queridas ou o parceiros;

• Dificuldade em relacionar-se de uma forma geral;

• Dificuldade em comunicar-se;

• Problemas de saúde;

• Conflitos entre sócios, funcionários e clientes;

• Problemas financeiros;

• Entre outros temas.



PARTICIPE GRATUITAMENTE DO PRIMEIRO WORKSHOP DE CONSTELAÇÃO

FAMILIAR CONOSCO. VOCÊ É NOSSO CONVIDADO ESPECIAL

Workshop
Investimento: gratuito
Coordenação: Paulo Carlos da Silva
Data: 25/08 das 19:30 às 21:30
Inscreva-se. Vagas limitadas. Faremos um trabalho prático de constelação.
Gratidão

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cuide dos seus rins por menos de R$1,00

LEMBRANDO Q. A SALSA É INDICADA P/ MULHERES POIS CONTÉM MAIOR CONCENTRAÇÃO DE HORMONIOS NECESSARIOS ATE NA MENOPAUSA.


Limpe seus rins por menos de R$ 1,00

Os anos passam e nossos rins vão filtrando nosso sangue para remover o sal e outros intoxicantes que entram no nosso organismo.

Com o tempo, o sal se acumula e precisamos de uma limpeza.

Como fazer isso?

De um modo simples e barato:

Pegue um maço de salsa e lave bem.

Corte bem picadinho e ponha em uma vasilha com água limpa.

Ferva por 10 minutos e deixe esfriar. Coe, ponha em uma jarra com tampa e guarde na geladeira.

Beba um copo todos os dias, e você vai perceber que o sal e outros venenos acumulados nos rins saem na urina.

Você vai notar a diferença!

Há muitos anos a salsa é reconhecida como o melhor tratamento de limpeza dos rins.

E é um remédio natural!

A salsa é uma das ervas com propriedades terapêuticas menos reconhecidas.

Ela contém mais vitamina C do que qualquer outro vegetal da nossa culinária (166mg por 100g).

Isso é três vezes mais que a laranja.

A salsa contém também ferro (5.5mg /100g), manganésio (2.7mg / 100g), cálcio (245mg / 100g) e potássio (1mg / 100g) ..

Sendo recomendada para pedra nos rins, reumatismo e cólica menstrual.

Sua alta concentração de vitamina C ajuda na absorção de ferro.

O suco de salsa, sendo uma bebida natural, pode ser tomado misturado com outros sucos, 3 vezes ao dia.

As folhas podem ser mantidas no congelador, e seu uso é recomendado na culinária diária, pois além de saudáveis, dão ótimo sabor a qualquer receita.

MUITO BOM PARA HIPERTENSOS.

Cuide-se.
 
(sem autor)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Viva o presente

Palestra de Brian Dyson(ex-presidente da Coca-Cola Co.)


“Imagine a vida como um jogo, no qual você faz malabarismo com cinco bolas que são lançadas no ar”... Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito.

O trabalho é a única bola de borracha.

Se cair, bate no chão e pula para cima.

Mas as quatro outras são de vidro.

Se caírem no chão, quebrarão e ficarão permanentemente danificadas.

“Entendam isso e assim conseguirão o equilíbrio na vida”.

Como?

Não diminua seu próprio valor comparando-se com outras pessoas.

Somos todos diferentes. Cada um de nós é um ser especial.

Não fixe seus objetivos com base no que os outros acham importante.

Só você tem condições de escolher o que é melhor para si próprio.

Dê valor e respeite as coisas mais queridas de seu coração.

Apegue-se a ela como a própria vida. Sem elas a vida carece de sentido.

Não deixe que a vida escorra entre os dedos por viver no passado ou no futuro.

Se viver um dia de cada vez, viverá todos os dias de suas vidas.

Não desista enquanto ainda é capaz de um esforço a mais.

Nada termina até o momento em que se deixa de tentar.

Não tema admitir que não é perfeito.

Não tema enfrentar riscos. É correndo riscos que aprendemos a ser valentes.

Não exclua o amor de sua vida dizendo que não se pode encontrá-lo. A melhor forma de receber amor é dá-lo. A forma mais rápida de ficar sem amor é apegar-se demasiado a si próprio. A melhor forma de manter o amor é dar-lhe asas. Corra atrás de seu amor, ainda dá tempo!

Não corra tanto pela vida a ponto de esquecer onde esteve e para onde vai.

Não tenha medo de aprender. O conhecimento é leve. É um tesouro que se carrega fácilmente.

Não use imprudentemente o tempo ou as palavras. Não se pode recuperar uma palavra dita, ou o tempo perdido.

A vida não é uma corrida, mas sim uma viagem que deve ser desfrutada a cada passo.

Lembre-se: Ontem é história.
Amanhã é mistério e
HOJE é uma dádiva.

Por isso se chama "presente".

sábado, 2 de julho de 2011

Princípios do Reiki

Só por hoje


Não se zangue

Não se preocupe

Expresse sua gratidão

Seja aplicado em seu trabalho

Seja gentil com os outros

Auto-realização através do amor a Deus (Bhakti-Yoga) - quinta parte

Só esta bendida'1oucura de amor divino pode curar para sempre a doença do mundo que estd em nós.


- Quando se atinge o mais alto ideal de amor, a filosofia é expulsa. Quem se importará com ela? Liberdade, salvação, nirvana - tudo é expulso. Quem se importa de tornar-se livre enquanto no gozo do amor divino? "Senhor, eu não desejo riquezas, nem amigos, nem beleza, nem conhecimentos, nem mesmo liberdade. Fazei-me nascer muitas e muitas vezes, e sê sempre o meu amor. Sê sempre o meu amor.- "Quem quer tornar-se açúcar?" - diz o bhakta. "Desejo provar o açúcar." Quem, pois, desejará tornar--se livre o uno com Deus? -Possosaber que sou Ele, e contudo d'Ele me afastarei e me tornarei diferente, afim de poder gozar do Bem-amado." Isso é o que diz o bhakta. Amar por causa do amor é o seu maior deleite. Quem não se deixaria prender, de pés e mãos, mil vezes, para se deleitar no Bem-amado?

Ao bhakta nada interessa, exceto amar e ser amado. Seu amor extraterreno é como a maré subindo o rio. Esse amante sobe o rio, contra a correnteza. O mundo chama-o de louco. Conheço um que o mundo costumava chamar de louco, e esta era a sua resposta: Meus amigos, o mundo inteiro é um hospício. Uns são loucos pelo amor mundano, e outros pelo nome, uns pela fama, e outros por dinheiro, uns pela salvação, e outros para ir ao céu. Nesse grande hospício, também eu sou louco; sou louco por Deus. Se sois loucos por dinheiro, eu sou louco por Deus. Sois loucos; eu sou louco. E penso ser a minha loucura, afinal, a melhor". O amor do verdadeiro bhakta é esta ardente loucura, ante a qual tudo o mais se lhe desvanece. Todo o universo está, para ele, cheio de amor, e de amor apenas. Assim parece ao amante. Portanto, quando um homem tem esse amor em si, torna-se bem-aventurado para sempre, eternamente feliz. Só essa bendita loucura de amor divino pode curar para sempre a doença do mundo que existe em nós. Com o desejo, desvaneceu-se o egoísmo. Ele se aproximou de Deus, e expulsou todos os vãos desejos de que antes estava repleto.

Todos temos de começar como dualistas na religião do amor. Deus é, para nós, um ser separado, e nos sentimos também como seres separados. Então o amor intervém, e o homem começa a aproximar-se de Deus. Deus também começa a estar mais perto do homem. O homem experimenta todas as relações da vida - como pai, como mãe, como filho, como amigo, como senhor, como amante - e projeta-as em seu ideal de amor, em seu Deus. Para ele Deus existe sob aquelas manifestações. E o ápice do progresso é atingido quando ele sente que se tornou absolutamente imerso no objeto do seu culto.

Todos começamos com o amor por nós mesmos, e as solicitações incorretas do eu inferior tornam egoísta o próprio amor. Por fim, entretanto, vem o fulgor integral da luz, na qual se vê este eu inferior unificar-se com o Infinito. O homem se transfigura na presença desta luz de amor, e compreende, finalmente, a bela e inspiradora verdade de que o amor, o amante, e o amado são um só.

Quatro Yogas deAuto-Realização


Swami Vivekananda

Auto-realização através do amor a Deus (Bhakti-Yoga) - quarta parte

Apanha-se objeto após objeto, e o ideal interior é sucessivamente projetado neles todos. E nota-se que todos esses objetos externos são inadequados como expoentes do ideal interior sempre em expansão, e, são, naturalmente, rejeitados, um após o outro. Por fim, o aspirante começa a refletir que é inútil a tentativa de colocar o ideal em objetos externos, pois estes nada são, comparados com o próprio ideal. E, com o decorrer do tempo, adquire o poder de realizar o mais alto o mais generalizado ideal abstrato, inteiramente como uma abstração, que, para ele, é bastante viva e real.


Podemos representar o amor como um triângulo, em que cada ângulo corresponde a uma de suas características inseparáveis. Não pode haver triângulo sem os três ângulos, e não pode haver amor verdadeiro sem as três seguintes características:

O primeiro ângulo do nosso triângulo do amor é o fato do amor não conhecer transações. Sempre que se procura algo em retribuição, não pode haver amor real. Ele torna-se uma questão de venda-e-compra. Enquanto houver em nós qualquer idéia de obter tal ou qual favor de Deus em retribuição de nosso respeito e fidelidade a Ele, não haverá verdadeiro amor florescendo em nosso coração. Os que adoram Deus porque desejam que Ele lhes prodigalize favores, com certeza não O adorarão se tais favores não forem outorgados. O bhakta ama o Senhor porque Ele é adorável. Não há outro motivo originando ou dirigindo a divina emoção do verdadeiro devoto.

Ouvimos dizer que um grande rei foi certa vez a uma floresta e ali encontrou um sábio. Conversou um pouco com ele e ficou muito satisfeito com a sua pureza e sabedoria. Desejou então que o sábio aceitasse dele um presente, o que o outro recusou, dizendo: "Os frutos da floresta são alimento bastante para mim. As puras correntes de água que fluem da montanha dão-me bastante de beber. As cascas das árvores fornecem-me cobertas, e as grutas da montanha formam o meu lar. Por que receberia eu presentes de vós ou de quem quer que seja?"

O rei falou: "Apenas para me ser agradável, senhor, recebei, por favor, algo de minhas mãos, e por favor, vinde comigo à cidade, ao meu palácio".

Depois de muita insistência, o sábio consentiu, por fim, em fazer o que o rei desejava, e acampanhou-o até o palácio.

Antes de oferecer o presente ao sábio, o rei fez suas orações nestes termos: "Senhor, dai-me mais filhos. Senhor, dai-me mais riqueza. Senhor, dai-me mais território. Senhor, mantende meu corpo em melhor saúde. . . " E assim por diante.

Antes que o rei terminasse de fazer sua oração, o sábio se havia levantado e saído caladamente do aposento. Vendo aquilo, o rei ficou perplexo e começou a segui-lo, exclamando: "Senhor, estais indo embora! Não recebestes ainda os meus presentes!"

O sábio voltou-se para ele e disse: "Não mendigo de mendigos. Nada mais sois do que um mendigo. Assim, como podeis me dar alguma coisa? Não sou tolo para pensar em tomar seja o que for de um mendigo como vós. Ide daqui, Não me sigais".

Fica bem estabelecida a distinção entre simples mendigos e reais amantes de Deus. Mendicância não é linguagem de amor.

Cultuar Deus, mesmo por amor da salvação ou de outra recompensa, é igualmente uma degeneração. O amor não conhece recompensa. O amor é sempre por amor do amor. O bhakta ama porque não pode deixar de amar. Quando vedes uma bela paisagem e vos apaixonais por ela, não pedis que essa paisagem vos faça um favor, nem a paisagem exige algo de vós. Ainda assim, aquela visão vos dá um estado beatífico da mente, acalma toda a fricção de vossa alma, faz-vos calmos, quase vos eleva, na ocasião, acima de vossa natureza mortal, colocando-vos na condição de um êxtase bastante divino. Essa natureza do verdadeiro amor é o primeiro ângulo do nosso triângulo. Não peçais coisa alguma em troca de vosso amor. Que vossa posição seja sempre a do dador. Dai vosso amor a Deus, mas nem a Ele peçais nada em retribuição.

O segundo ângulo do nosso triângulo de amor é que o amor não conhece medo. Os que amam a Deus através do medo, são os seres humanos de tipo mais ínfimo, muito pouco desenvolvidos como homens. Cultuam Deus porque têm medo de castigos; para eles Deus é um grande ser, com um chicote numa das mãos e um cetro na outra. Se não O obedecerem, receiam ser chicoteados. É uma degradação cultuar Deus através do medo do castigo. Tal culto, se culto se pode chamar, é a mais rude forma de culto através do amor. Enquanto houver qualquer medo em vosso coração, como pode haver ali amor, também? O amor vence o medo, naturalmente. Pensai numa jovem mãe que vai pela rua, e um cão lhe late. Tem medo e corre para a casa mais próxima. Suponde, porém, que no dia seguinte ela está na rua com seu filho, e um leão salta sobre ele. Qual será agora a atitude daquela mãe? Por certo na própria boca do leão, protegendo seu filho.

O amor vence todo o medo. O medo provém da idéia egoísta de nos separarmos do universo. Quanto menor e mais egoísta eu me faço, maior é o meu medo. Se um homem pensa que ele é um pequenino nada, o medo virá seguramente sobre ele. E quanto menos pensardes em vós como uma insignificante pessoa, menos medo tereis. Enquanto houver o menor lampejo de medo em vós, não podereis ter amor. Amor e medo são incompatíveis. Deus nunca é temido por aqueles que O amam. O mandamento: "Não tomes o nome do Senhor em vão", faz rir o verdadeiro amante de Deus. Como pode haver qualquer blasfêmia na religião do amor? Quanto mais tomardes o nome do Senhor, tanto melhor para vós, qualquer que seja o modo como o façais. Apenas repetis Seu nome porque O mais.

O terceiro ângulo do triângulo do amor é que o amor não tem rival, pois sempre corporifica o mais alto ideal do amante. O verdadeiro amor jamais nos chega enquanto o objeto do nosso amor não se tornar o nosso mais alto ideal. Pode ser que em muitos casos o amor humano seja mal dirigido e mal colocado, mas para a pessoa que ama, a coisa que ama é sempre seu mais alto ideal. É possível que uns vejam esse ideal no mais vil dos seres, e outros no mais elevado dos setes. Contudo, em cada caso é o ideal, apenas, que pode ser verdadeira e intensamente amado. O supremo ideal de cada homem se chama Deus. Ignorante ou sábio, santo ou pecador, homem ou mulher, educado ou não, culto ou ignorante - para cada ser humano o ideal supremo é Deus. A síntese de todos os mais elevados ideais de beleza, de sublimidade, e de poder nos dá a mais completa concepção do amoroso e amorável Deus.

Esses ideais existem, naturalmente, sob essa ou aquela forma, em todas as mentes: formam uma parte de todas as mentes. Todas as manifestações ativas da natureza humana são lutas para que esses ideais sejam concretizados na vida prática. Todos os vários movimentos que vemos em torno de nós, na sociedade, são causados pelos vários ideais em várias almas, tentando manifestar-se e concretizar-se. O que está no interior pressiona para se exteriorizar. Essa influência perenemente dominante do ideal é a única energia, a única força motriz que se pode ver atuando constantemente no meio da humanidade, Pode ser que depois de centenas de nascimentos e de lutas através de milhares de anos, um homem verifique ser inútil tentar fazer com que o ideal interior modele completamente as condições externas, e a elas se ajuste. Depois de compreender isto, ele não mais tenta projetar seu ideal no mundo exterior, mas cultua o ideal como ideal em si, do mais alto ponto de vista do amor.

Este ideal abstratamente perfeito compreende todos os ideais menores. Todos admitem como verdadeiro o ditado: "O amoroso vê a beleza de Helena no rosto de uma etíope". O homem que está de lado, como observador, vê que o amor está aqui mal colocado; mas, não obstante, o amoroso vê a sua Helena, e de maneira alguma a etíope. Helena ou etíope, os objetos do nosso amor são os centros em torno dos quais nossos ideais se cristalizam. Que cultua o mundo, habitualmente? Não, por certo, o onienvolvente e perfeito ideal do supremo devoto e amante. O ideal que homens e mulheres cultuam habitualmente é o que está neles próprios. Cada qual projeta seu próprio ideal no mundo exterior, e ajoelha-se diante dele. Eis porque notamos que os homens que são cruéis e sedentos de sangue concebem um Deus sedento de sangue; é que só podem amar seus próprios ideais mais elevados. Eis por que os homens bons têm uma idéia muito alta de Deus, e seus ideais, são, realmente, muitíssimo diferentes dos ideais dos outros.

Qual é o ideal do amante que superou a idéia de egoísmo, de permuta, de transação, e que não conhece o medo? Mesmo ao grande Deus tal homem dirá: 'Mar-Te-ei tudo o que é meu e nada quero de Ti. Realmente, nada há que eu possa chamar meu". Quanto um homem adquire tal convicção, seu ideal se torna um ideal de perfeito amor, de perfeita intrepidez, nascida do amor. O ideal mais elevado de uma pessoa assim não está envolto em nenhuma estreiteza da particularidade; é amor universal, amor sem limites ou entraves, o próprio amor, o amor absoluto. Esse grande ideal da religião do amor é cultuado e amado absolutamente como tal, sem ajuda de quaisquer símbolos ou sugestões. Esta é a forma mais elevada da suprema Bhaki, a que cultua como ideal o ideal oniabancante; todas as demais formas de Bkakti são apenas etapas intermediárias para atingi-Ia.

Todos os nossos insucessos e todos os nossos êxitos quando seguimos a religião do amor, estão no caminho para a realização desse ideal único. Objeto após objeto é tomado, e o ideal interior é sucessivamente projetado neles todos; e todos esses objetos externos provam serem inadequados como expoentes do ideal interior sempre em expansão, e são naturalmente rejeitados, um após outro. Por fim, o aspirante começa a pensar que é inútil a tentativa de colocar o ideal em objetos externos, pois tais objetos nada são comparados ao ideal em si. E, com o correr do tempo, adquire o poder de realizar o mais alto e mais generalizado ideal abstrato inteiramente como uma abstração,* que, para ele, é bastante viva e real.

Quando o devoto atingiu tal ponto, não mais se vê impelido a indagar se Deus pode ou não ser demonstrado, se é onipotente e onisciente ou não. Para ele, trata-se apenas do Deus do amor. Ele é o mais alto ideal de amor, e isso é suficiente para todos os seus propósitos. Ele, como amor, é autoevidente, não requer provas para demonstrar ao amoroso a existência do amado. Os Deuses-magistrados das outras formas de religião podem exigir muitas provas para evidenciá-los, mas o bhakta não pensa e não pode jamais pensar em tais Deuses. Para ele, Deus existe inteiramente como amor.

Há quem diga que o egoísmo é a única força motriz por trás das atividades humanas. Isso também é amor, inferiorizado por ser particularizado. Quando penso em mim mesmo como compreendendo o Universal, não pode haver, seguramente, egoísmo em mim, mas quando, erroneamente, penso que sou algo pequeno, meu amor se torna particularizado e estreito. O erro consiste em estreitar e restringir a esfera do amor. Todas as coisas no universo são de origem divina e merecem ser amadas. 9 preciso, contudo, conservar em mente que o amor do todo incluí o amor das partes.

Este todo é o Deus dos bhaktas, e todos os outros Deuses, Pais do Céu, Governantes, ou Criadores, e todas as teorias e doutrinas e livros, não têm para eles nenhum propósito nem significação, já que, através do seu amor e devoção supremos, eles se ergueram inteiramente acima dessas coisas. Quando o coração é purificado, limpo, e cheio até as bordas com o néctar divino do amor, todas as idéias de Deus se tornam simplesmente pueris e são rejeitadas como inadequadas e sem Valor. Tal é, com efeito, o poder do amor supremo. O perfeito bhakta não mais vai ver Deus nos templos e igrejas; sabe que não há lugar onde não O encontre. Encontra-O tanto fora como dentro do templo. Encontra-o tanto na perversidade dos perversos como na santidade dos santos, porque já O instalou em glória em seu próprio coração, como a única, poderosa, inextinguível luz do amor que está sempre refulgindo e eternamente presente.

É impossível expressar em linguagem humana a natureza desse ideal supremo e absoluto. Mesmo o mais alto vôo da humana imaginação é incapaz de compreender isso em toda a sua infinita perfeição e beleza. Contudo, os seguidores da religião do amor em sua forma mais alta como na mais baixa, em todos os países, têm precisado usar a humana linguagem para compreender e definir seu próprio ideal de amor. Ainda mais: o próprio amor humano, em todas as suas variadas formas, foi feito para simbolizar esse amor divino inexprimível. Os homens só podem pensar nas coisas divinas à sua maneira humana: para nós, o Absoluto pode ser expresso apenas em nossa linguagem relativa. Todo o universo é, para nós, uma composição do Infinito escrita na linguagem do finito. Portanto,, na relação de Deus e Seu culto através do amor, os bhaktas usam todos os termos comuns associados com o amor comum da humanidade.

Alguns dos grandes escritores da Bhaki suprema tentaram compreender e experimentar esse divino amor de muitas maneiras. A forma mais baixa na qual esse amor é apreendido, está no que chamam o pacífico - o shanta. Quando um homem cultua Deus sem o fogo do amor dentro de si, sem sua loucura em seu cérebro; quando o amor é apenas calmo, banal, um pouco mais alto do que as meras formas, cerimônias e símbolos, mas de forma alguma caracterizado pela loucura do amor intensamente ativo, é chamado shanta. Vemos pessoas no mundo que gostam de mover-se lentamente, e outras que vão e vêm como turbilhões. O shanta-Máta é calmo, pacífico, delicado.

O tipo seguinte, mais alto, é o do dasya, serventia. Vem quando um homem pensa ser o servo do Senhor. O apego do servo fiel ao mestre é o seu ideal.

O tipo seguinte de amor é sakhya, amizade. "És nosso amigo querido." Tal como um homem abre seu coração ao seu amigo e sabe que o amigo jamais o irá censurar por sua faltas, mas sempre procurará ajudá-lo, tal como existe a idéia de igualdade entre ele e seu amigo - amor igual flui e reflui entre o adorador e seu amistoso Deus. Assim, Deus se torna nosso amigo, o amigo que está próximo, o amigo ao qual podemos contar francamente todas as histórias de nossa vida. Os mais recônditos segredos de nossos corações lhe podem ser expostos, com a grande certeza de segurança e apoio. Ele é o amigo que o devoto aceita como igual. Deus é aqui visto como que nosso companheiro de folguedos.

Podemos bem dizer que estamos todos brincando neste universo. Tal como as crianças fazem seus jogos, tal como os mais gloriosos reis e imperados fazem seus próprios jogos, assim o próprio bem amado Senhor se recreia com este universo. Ele é perfeito. Nada deseja. Por que criaria? A atividade, para nós, está sempre em função da realização de certo desejo, e o desejo sempre pressupõe imperfeição. Deus é perfeito. Não tem desejos. Por que continuaria Ele com este trabalho de uma criação sempre ativa? Que propósito tem em vista? As histórias que falam de Deus criando o mundo, com uma ou outra finalidade que imaginamos, são boas apenas como histórias, e nada mais. Tudo são realmente folguedos; o universo é o jogo continuo de Deus. O universo todo deve ser, afinal, um grande e agradável motivo de divertimento para Ele. Se sois pobres, gozai essa pobreza como divertimento. Se sois ricos, gozai o divertimento de serdes ricos. Se vem o perigo, também é divertimento, e se vem a felicidade, há nela mais e melhor divertimento. O mundo não passa de um parque de diversões, e estamos tendo bom divertimento, estamos gozando de um jogo. E Deus está jogando conosco, todo o tempo. E estamos jogando com Ele. Deus é o nosso eterno companheiro de folguedos. Como Ele é belo jogando! O jogo termina quando um cicio chega ao fim. Há repouso por um período de tempo menor ou maior, e de novo tudo se manifesta e torna a jogar.

Só quando vos esqueceis de que tudo não passa de jogo e de que também estais auxiliando o jogo, é que a angústia surge, com os desgostos. Então o coração se torna pesado, então o mundo faz carga sobre vós com tremendo poder. Mas, assim que abandonais vossa crença séria na realidade dos incidentes mutáveis dos três minutos da vida, e sabeis que ela não passa de um estágio no qual estamo-nos divertindo, ajudando-O a divertir-se, imediatamente toda a angústia cessa para vós. Ele se diverte em cada átomo. Está-se divertindo quando constrói terras, e sóis, e luas. Está-se divertindo com o coração humano, com os animais, com as plantas. Somos Suas peças de xadrez, que Ele coloca sobre o tabuleiro, sacudindo-as. Arranja-nos primeiro de uma forma, depois de outra, e estamos, consciente ou inconscientemente, ajudando-O em seu jogo. E, 6 bem-aventurança! somos seus parceiros de folguedos!

A seguir vem o que é conhecido como vatsalya, amar a Deus não como nosso pai mas como nosso filho. Isto pode parecer estranho, mas é uma disciplina que nos capacita a afastar toda idéia de poder em relação ao conceito de Deus. A idéia de poder traz consigo repeitoso temor. Não deve haver receio no amor. As idéias de obediência e reverência são necessárias para a formação do caráter, mas quando o caráter está formado, quando o amoroso deu provas do amor calmo e pacífico, e deu provas também de um pouco da intensa loucura do amor, já não há necessidade de lhe falar mais sobre ética e disciplina. Conceber Deus como poderoso, majestoso e glorioso, como Senhor do universo, ou como Deus dos Deuses - é coisa que não preocupa o amoroso.

Para evitar a associação com Deus da sensação de poder que gera o medo, é que ele O adora como seu próprio filho. A mãe e o pai não sentem receoso temor em relação ao filho. Não podem ter reverência alguma pela criança. Não podemos pensar em pedir-lhe qualquer favor. A posição da criança é sempre a de quem recebe, e por amor ao filho os pais dariam centenas de vezes seu próprio corpo. Milhares de vidas sacrificariam por esse seu filho. Portanto, Deus é amado como um filho.

A idéia de amar a Deus como filho surge e cresce naturalmente entre as seitas religiosas que acreditam na encarnação de Deus. Para os maometanos é impossível nutrir a idéia de Deus como filho; recuariam de horror diante dela. Mas os cristãos e os hindus podem compreendê-la facilmente, porque têm o Menino Jesus e o Menino Krishna. As mulheres da índia se vêem com freqüência na qualidade de mães de Krishna. As mães cristãs também podem adotar a idéia de que são mães de Cristo, e essa idéia levará ao Ocidente o conhecimento da divina maternidade de Deus, de que o ocidental tanto necessita. Superstições, respeitoso temor, reverência em relação a Deus, são sentimentos profundamente arraigados no âmago de nosso coração, e por isso levamos longos anos para mergulhar inteiramente em amor nossas idéias de reverência e veneração, de respeitoso temor, majestade e glória, com referência ao Senhor.

Há mais uma representação humana do divino ideal do amor. É conhecida como madhura, a relação entre enamorados, que é a mais alta de tal representação. Está baseada, realmente, na mais alta manifestação de amor deste mundo, e esse amor é também o mais forte que o homem conhece. Que amor sacode toda a natureza do homem, que amor percorre todos os átomos de seu ser, enlouquece-o, fá-lo esquecer sua própria natureza, transforma-o, torna-o um deus ou um demônio, como o amor entre homem e mulher? Nessa doce representação do amor divino, Deus é nosso esposo. Todos somos mulheres, não há homens neste mundo. Há apenas um Homem, e é Ele, nosso Bem-amado. Todo o amor que um homem dá à mulher, ou a mulher ao homem, aqui está, para ser dado ao Senhor.

Todas as diferentes espécies de amor que vemos neste mundo, e com as quais estamos mais ou menos meramente brincando, têm Deus como finalidade única. Mas, infelizmente, o homem não conhece o oceano infinito para o qual esse poderoso rio de amor está constantemente fluindo, e assim, loucamente, muitas vezes procura dirigi-lo para bonequinhos de seres humanos. O tremendo amor pelo filho, que está na natureza humana, não é pelo bonequinho que é o filho. Se o aplicardes exclusiva e cegamente no filho, sofrereis as conseqüências. Mas através desse sofrimento virá o despertar mediante o qual descobrireis seguramente que se o amor que está em vós é dado a qualquer ser humano, mais cedo ou mais tarde trará dor e desgosto como resultado.

Portanto, vosso amor deve ser dado ao Supremo, que nunca morre nem se altera, e é o oceano em cujo amor não há fluxo nem refluxo. O amor deve ir para seu destino certo, deve ir para Ele, que é, realmente, o infinito oceano de amor. Todos os rios fluem para o oceano. Mesmo a gota de água que desce do flanco da montanha não pode cessar sua caminhada quando alcança um regato ou um rio, por muito grande que seja. Por fim, mesmo essa gota encontrará de alguma forma seu caminho para o oceano.

Deus é a meta de todas as nossas paixões e emoções. Se quereis encolerizar-vos, encolerizai-vos com Ele. Censurai vosso Bem--amado, censurai vosso amigo. Quem mais podereis censurar com segurança? Nenhum homem mortal suportaria pacientemente vossa cólera, e haveria uma reação. Se vos encolerizais contra mim, estou certo de que reagirei rapidamente, porque não posso suportar com paciência a vossa cólera. Dizei ao Bem-amado: "Por que não vindes a mim? Por que me deixais assim sozinho?" Onde há prazer, a não ser n'Ele? Que prazer pode haver nos pequenos torrões de terra? Devemos procurar a essência cristalizada do infinito prazer, que é Deus. Que nossas paixões e emoções subam até Ele. Foram feitas para Ele, porque, se falharem no ir de encontro ao seu destino e se dirigirem para baixo, tomam-se vis. Quando vão direito para o seu destino, para o Senhor, mesmo a mais baixa delas se transfigura. Todas as energias do corpo e da mente, como quer que se expressem, têm o Senhor como seu destino único. Todos os amores e todas as paixões do coração humano devem dirigir-se para Deus. Ele é o Bem-amado. A quem mais este coração pode amar? Ele é o mais belo, o mais sublime. Ele é a própria beleza, a própria sublimidade. Quem, neste universo, é mais belo que Ele? Quem neste universo é mais adequado que Ele para ser o esposo? Quem no universo é mais adequado que Ele para ser querido? Portanto, seja Ele o esposo, seja Ele o Bem-amado.

Sim, o verdadeiro amante espiritual não descansa mesmo ali; mesmo o amor de esposo e esposa não é bastante alucinante para ele. Aos bhaktas não repugna também a idéia do amor ilegítimo, por ser tão forte. A sua impiedade é coisa de que não cogitam. A natureza do amor é tal que quanto mais obstruções houver ao seu livre jogo, mais apaixonante se torna. O amor entre marido e mulher é suave, sem obstruções. Assim, os bhaktas tipificam a moça que ama seu próprio bem-amado, e sua mãe e pai, ou esposo, fazem objeções a tal amor, e quanto mais alguém obste o curso de seu amor, tanto mais ele tende a intensificar-se. A linguagem humana não pode descrever quanto Krishna, nos bosques de Brindaban, foi loucamente amado; quanto, ao som de sua voz, as sempre abençoadas gopis corriam ao seu encontro, esquecendo tudo, este mundo e seus entraves, seus deveres, suas alegrias e suas dores.

Homem, 6 homem! Falais de amor divino e ao mesmo tempo sois capaz de atender a todas as vaidades deste mundo. Sois sincero? "Onde Rama está, não há lugar para desejo algum. Onde o desejo está, não há lugar para Rama! Tais coisas jamais coexistem. Como a luz e as trevas, nunca estão juntas."

Quatro Yogas deAuto-Realização


Swami Vivekananda

Auto-realização através do amor a Deus (Bhakti-Yoga) - terceira parte

Na Bhakti-Yoga o segredo central é saber que as várias paixões, sentimentos e emoções do coração humano não são errados em si mesmos; apenas devem ser cuidadosamente controlador e receber uma condição superior de excelência. A direção mais elevada é a que nos leva a Deus; toda outra direção é inferior.


Terminamos a consideração do que podemos chamar a Bhakti preparatória, e entraremos agora no estudo da suprema devoção. Todas as preparações pretendem apenas a purificação da alma. A repetição de nomes, de rituais, de formas, e os símbolos todas essas várias coisas são para a purificação da alma.

O maior purificador, entre essas coisas, um purificador sem o qual não se pode entrar nas regiões da devoção superior, é a renúncia. Isso assusta muitos, mas, sem ela não pode haver crescimento espiritual. Em todas as Yogas a renúncia é necessária. Eis a pedra de toque, o centro real e o coração real de toda a cultura espiritual: a renúncia. Eis religião: a renúncia. Quando a alma humana se retrai das coisas do mundo e tenta penetrar nas coisas mais profundas, quando o homem, o Espírito, que de certa forma aqui se materializou e concretizou, compreende que ele vai ser destruído e reduzido quase a simples matéria, e volve seu rosto à matéria - então começa a renúncia, então começa o verdadeiro crescimento espiritual.

A renúncia do karma-yogue toma a forma de desistir de todos os frutos de suas ações. Ele não se apega aos resultados de seus trabalhos, não se importa com recompensas, já ou depois.

O raia-yogue sabe que o conjunto da natureza se destina a ser um meio para a alma adquirir experiências, e que o resultado de todas as experiências da alma é tornar-se ela consciente de sua eterna separação da natureza. A alma humana tem de entender e realizar que ela tem sido espírito, e não matéria, através da eternidade, e que a sua conjunção com a matéria é, e pode ser, apenas temporária. O raja-yogue aprende a lição da renúncia através de suas próprias experiências da natureza.

O jnane-yogue tem de passar pela mais rigorosa das renúncias, e precisa comprender, desde o princípio, que a totalidade desta natureza aparentemente sólida não passa de uma ilusão. Tem de compreender que toda e qualquer espécie de manifestação de poder da natureza pertence à alma e não à natureza. Tem de saber, desde o início, que todo o conhecimento e toda a experiencia estão na alma e não na natureza; assim tem, de pronto e pela penetrante força da convicção racional, de romper todo aprisionamento à natureza. Deixa a natureza e tudo quanto a ela pertence; deixa-os desvanecer-se e procura manter-se sozinho.

De todas as renúncias, a mais natural, por assim dizer, é a do bhakta-yogue. Aqui não há violência, nada a abandonar, nada a arrancar de nós mesmos, nada de que devamos ser violentamente separados. A renúncia do bhakta é fácil, corre maciamente, e é tão natural como as coisas que nos rodeiam. Vemos a manifestação desse tipo de renúncia, embora mais ou menos sob forma caricaturesca, todos os dias, em torno de nós. Um homem começa a amar uma mulher; depois de algum tempo ama outra, e deixa que se vá a primeira. Ela se esvai de sua mente de maneira suave, delicada, sem que ele sinta, absolutamente, sua falta. Uma mulher ama um homem. Começa, então, a amar outro homem, e o primeiro desaparece de sua mente com toda a naturalidade. Um homem ama sua própria cidade, depois começa a amar seu país, e o amor intenso por sua cidadezinha vai caindo maciamente, naturalmente. O homem aprende a amar todo o mundo: seu amor por seu país, seu patriotismo intenso e fanático fene-se sem magoá--lo, sem qualquer manifestação de violência. Um homem sem cultura ama intensamente os prazeres dos sentidos; conforme vai--se educando, começa a amar os prazeres intelectuais, e seu prazer dos sentidos vai diminuindo cada vez mais. Homem algum pode gozar uma refeição com o mesmo sabor e prazer com que a gozam um cão ou um lobo, Mas o deleite que um homem sente em suas realizações e experiências intelectuais, um cão jamais sentirá.

Quando um homem ascende cada vez mais alto no plano do intelecto, muito além do simples perisamento, quando galga o plano da espiritualidade e da divina inspiração, acha-se num estado de beatitude, comparado com o qual nada são todos os prazeres dos sentidos, ou mesmo do intelecto, nada são. Quando a Lua brilha intensamente, todas as estrelas se turvam, e quando o Sol brilha, é'a Lua que se turva. A renúncia necessária para a obtenção de Bhaki não se obtém por matar seja o que for, mas chega naturalmente, tal como em presença de uma luz crescentemente mais forte as luzes menos intensas se obscurecem cada vez mais até desaparecerem por completo. Assim, o amor aos prazeres dos sentidos e do intelecto se obscurece, e é posto de lado, atirado à sombra criada pelo próprio amor de Deus.

Esse amor a Deus cresce até assumir a forma do que se pode chamar devoção suprema. As formas desaparecem, os rituais fogem, os livros são ultrapassados; as imagens, templos, igrejas, religiões e seitas, países e nacionalidades - todas essas pequenas limitações e entraves se desprendem, por sua própria natureza, daquele que conhece esse amor de Deus. Nada resta para entravá-mo-nos, ou para algemar a sua liberdade. Assim, na renúncia que auxilia a devoção não há aspereza, nem escura, nem luta, nem repressão, nem supressão. O bhakta não precisa suprimir uma só de suas emoções. Esforça-se, apenas, por intensificá-las e dirigi-Ias para Deus.

Na natureza vemos amor por toda a parte. O que quer que na sociedade seja bom, grande, sublime, é trabalho do amor. O que quer que em sociedade seja mau, negativo, diabólico, é também o trabalho mal dirigido da mesma emoção de amor. 9 essa mesma emoção que nos dá o puro e santo amor conjugal entre marido e mulher, bem como a espécie de amor que satisfaz as formas mais baixas de paixão animal. A emoção é a mesma, mas sua manifestação é diferente, nos diferentes casos.

Bhaki-Yoga é a ciência do amor superior. Mostra-nos como dirigi-lo, como controlá-lo, como governá-lo, como usá-lo, codo dar--lhe alvo novo, por assim dizer, e disso obtém os mais altos e gloriosos resultados, isto é, o modo de o fazer conduzir-nos à bem-aventurança espiritual. Bhakti-Yoga não diz: "Abandona!" Diz, apenas: "Ama - ama o Supremo!" E tudo quanto é inferior larga naturalmente aquele cujo objeto de seu amor é o Supremo.

"Nada posso falar a Teu respeito, a não ser que és o meu amor. És belo! És a própria beleza!" O que realmente se nos exige nessa Yoga é que nossa sede de beleza seja dirigida para Deus. Que é a beleza num rosto humano, no céu, nas estrelas, e na Lua? É apenas uma apreensão particular da real, envolvente beleza divina. "Ele brilha, e tudo brilha. É através de Sua luz que todas as coisas brilham." Tomai esta alta posição de Bhakti, que vos faz esquecer imediatamente vossas pequenas personalidades. Afastai-vos de todos os pequenos e egoísticos apegos mundanos. Não contempleis a humanidade como sendo o centro de todos os vossos interesses humanos e superiores. Conservai-vos como uma testemunha, como um estudante, e observai os fenômenos da natureza. Mantende o sentimento de desapego pessoal no que se refere ao homem, e observai como esse poderoso sentimento de amor se manifesta no mundo. As vezes se produz uma pequena fricção mas é apenas no curso da luta para obter o superior, o verdadeiro amor. As vezes há uma pequena luta, ou uma pequena queda, mas isso é apenas passageiro. Ficai de lado e deixai que essas fricções venham, livremente. Sentis a fricção apenas quando estais na corrente do mundo, mas quando estais fora dela, simplesmente como testemunha ou estudante, podereis ver que há milhões e milhões de canais através dos quais Deus se está manifestando como amor.

"Onde quer que haja qualquer beatitude, mesmo na mais sensual das coisas, há uma faísca da beatitude eterna, que é o próprio Senhor." Mesmo na mais baixa forma de atração, há um germe do amor divino. Um dos nomes do Senhor em sânscrito é Hari, que significa que Ele atrai todas as coisas para si. E Sua atração é, realmente, a única digna dos corações humanos. Quem pode atrair realmente uma alma? Somente Ele! Pensais que matéria morta possa realmente atrair uma alma? jamais o fez e jamais o fará. Quando vedes um homem seguindo um belo rosto, pensais que é um punhado de moléculas materiais organizadas o que realmente atrai esse homem? Absolutamente. Atrás daquelas partículas materiais deve haver, e há, o jogo da divina influência e do amor divino. O homem ignorante não o sabe, mas, não obstante, consciente ou inconscientemente, é atraído por esse amor, e apenas por ele. Assim, mesmo as mais baixas formas de atração, derivam seu poder do próprio Deus. O Senhor é o grande ímã, e nós somos todos como que limalhas de ferro; estamos sendo sempre atraídos por Ele, e todos lutamos por alcançá-Lo. Toda essa nossa luta neste mundo não tem, seguramente, fins egoísticos. Os tolos não sabem o que estão fazendo; a obra de sua vida, afinal, é aproximarem-se do grande ímã. Todas as tremendas lutas e combates da vida visam fazer-nos caminhar para Ele, fundamentalmente, e com Ele nos unificarmos.

O bhakta-yogue, entretanto, conhece o significado das lutas da vida. Compreende-as. Passou por uma longa série dessas lutas e sabe o que elas significam, e deseja, ansiosamente, libertar-se de suas fricções. Deseja evitar a colisão e vai diretamente para o centro de toda a atração, o grande Hari. Tal é a renúncia do bhakta. Essa poderosa atração em direção a Deus faz com que todas as demais atrações lhe desapareçam. Esse poderoso e infinito amor de Deus, que lhe entra no coração, não deixa lugar para que outro amor qualquer ali viva. Como poderia ser de outra maneira? Bkakti enche seu coração com as águas divinas do oceano do amor, que é o próprio Deus. Não há lugar ali para pequenos amores. Isso quer dizer que a renúncia do bhakta é esse desapego por todas as coisas que não sejam Deus, o qual resulta do grande apego a Deus.

Essa é a preparação ideal para atingir o supremo Bha-kti. Quando advém essa renúncia, as portas se abrem para a alma passar e alcançar as elevadas regiões da devoção suprema. Só o bhakta atingiu aquele supremo estado de amor comumente chamado fraternidade do homem. Os demais indivíduos apenas falam. Ele não vê distinções. O poderoso oceano do amor entrou nele, que não vê o homem no homem, mas vê seu Bem-Amado em toda a parte. Através de todos os rostos, para ele, brilha Hari. A luz do Sol ou da Lua são a Sua manifestação. Onde quer que haja beleza e sublimidade, para ele provêm de Hari. Tais bhaktas ainda vivem; o mundo nunca está sem eles. Embora mordidos por uma serpente, dizem apenas que um mensageiro do seu Bem-Amado veio até eles. Só esses homens têm o direito de falar em fraternidade universal. ignoram ressentimentos; suas mentes jamais reagem sob a forma de ódio ou ciúme. O exterior, o sensual, desvaneceu deles para sempre. Como podem ter cólera, quando, através de seu amor, estão sempre capacitados a ver a Realidade atrás dos cenários?

Na Bhakti-Yoga o segredo central é saber que as várias paixões, sentimentos e emoções do coração humano não são erradas em si próprias. Apenas têm de ser cuidadosamente controladas, recebendo direção cada vez mais elevada, até que atinjam a própria e mais alta condição de excelência. A direção superior é a que nos leva a Deus: toda a direção que não seja essa, é inferior.

A conclusão a que chega o bhãkta é que, se insistirdes em amar apenas uma pessoa após a outra, podeis continuar amando-as por uma infinita vastidão de tempo, sem serdes absolutamente capazes de amar o mundo como um todo. Todavia, quando, por fim, a idéia central é alcançada, que a sorna total de todo o amor é Deus; que a soma total das aspirações de todas as almas do universo, estejam livres, ou prisioneiras, ou em luta pela libertação, é Deus, então, e só então será possível o indivíduo fazer nascer o amor universal. Se amamos essa soma total, amamos tudo. Amar o mundo e fazer-lhe bem será então coisa fácil. Temos de obter esse poder apenas amando a Deus em primeiro lugar; senão, não passa de um divertimento fazer bem ao mundo.

"Tudo é Ele e Ele é o meu Amante; eu O amo" - diz o bhakta. Desta maneira tudo se torna sagrado para o bhakta, porque todas as coisas são d'Ele. Todos são Seus filhos, Seu corpo, Sua manifestação. Como podemos, pois prejudicar alguém? Como podemos, pois, não amar alguém? Como o amor de Deus virá, como segura conseqüência, o amor de tudo no universo. Quanto mais próximos de Deus chegamos, mais começamos a ver que todas as coisas estão n'Ele. Quando a alma consegue apropriar-se da beatitude desse amor supremo, começa, também, a vê-Lo em tudo. Nosso coração se torna, assim, uma fonte eterna de amor. E quando alcançamos estados ainda mais elevados neste amor, todas as pequenas diferenças entre as coisas do mundo se perdem completamente. O homem já não é visto como homem, mas só como Deus. Não mais se vê o animal como simples animal, mas como Deus. Mesmo o tigre já não é um tigre, mas a manifestação de Deus. Assim, nesse intenso estado de Bhakti, o culto é ofereci-* do a tudo: a toda a vida e a todos os seres.

Como resultado desta espécie de intenso e oniabsorvente amor, vem o sentimento de perfeita auto-abnegação e a convicção de que nada que acontece é contra nós. Então, a alma amorosa está apta a dizer, se a dor vier: "Benvinda sejas, dor!" Se a angústia vier, ela dirá: "benvinda sejas, angústia! Também tu vens do Bem-Amado!- Se a serpente vier, dirá: "Benvinda sejas, serpente!" . Se a morte vier, recebela-á o bhakta com um sorriso: "Abençoado sou eu porque todos vêm a mim; todos são benvindos -. Nesse estado de perfeita resignação nascido do intenso amor por Deus e por tudo que é Seu, o bhakta cessa de distinguir entre o prazer e a dor, no que lhe afetam. Não sabe o que é queixar-se de dor ou de angústia, e essa espécie de resignação sem queixas diante da vontade de Deus, que é todo amor, vem a ser, realmente, uma aquisição mais valiosa do que toda a glória das grandes e heróicas realizações.

Para a imensa maioria da humanidade, o corpo é tudo, é todo o universo, e os prazeres corporais são o máximos. Podemos todos lidar por manter nossos corpos mais ou menos satisfatoriamente corpos, e durante períodos de tempo maiores ou menores. Apesar disso, nossos corpos têm que desaparecer: não são permanentes. Abençoados são aqueles cujos corpos são destruídos a serviço de outros. "Riqueza, e mesmo a própria vida, o sábio sempre as mantêm para serviço de outros. Neste mundo há apenas uma coisa certa, que é a morte, e é muito melhor que o corpo morra por uma boa 'causa do que por uma causa má." Podemos arrastar nossa vida por cinqüenta ou cem anos, mais, depois, disso, o que acontece? Tudo quanto é resultado de combinação deve dissolver--se e morrer. Deverá chegar uma época em que ocorrerá a sua decomposição, Jesus, Buda, Maomé, estão todos mortos. Todos os grandes profetas e instrutores do mundo estão mortos. "Neste mundo evanescente, onde tudo está caindo em pedaços, temos que fazer o mais elevado uso do tempo de que dispomos" - diz o bhakta. E, realmente, o mais elevado uso da vida é mantê-la a serviço de todos os seres.

É a horrível idéia do corpo o que nutre todo o egoísmo do mundo - apenas essa ilusão de que somos inteiramente o corpo que possuímos, e que devemos fazer o possível por preservá-lo e satisfaze-lo. Se souberdes que sois positivamente outra coisa que não o vosso corpo, nada tereis contra o que lutar, nada tereis para combater. Estareis mortos para toda a idéia de egoísmo. Assim o bhakta declara que nos devemos manter como se já estivéssemos mortos para todas as coisas do mundo, e que isso é realmente, a auto-abnegação. Que as coisas venham como puderem. Este é o significado da expressão: "Faça-se a Tua vontade". Neste estado de sublime resignação tudo quanto tenha a forma de apego desaparece completamente, exceto esse oniabsorvente amor por Aquele no qual todas as coisas vivem e se movem, e tem o seu ser. Esse apego do amor de Deus, é, com efeito, um apego alma; antes rompe, efetivamente, todos os que não encadeia a grilhões.

Quatro Yogas deAuto-Realização


Swami Vivekananda

Auto-realização através do amor a Deus (Bhakti-Yoga) - segunda parte

Conquista a simpatia de todos, senta-te com todos, anota o nome de todos, dizei sim, sim mas mantém-te firme em teu lugar.


Cada alma se destina ao aperfeiçoamento, e todos os seres, ao fim, atingirão o estado de perfeição. O que quer que sejamos agora é o resultado de nossos atos e pensamentos no passado, e o que quer que sejamos no futuro será o resultado do que pensamos e fazemos agora. Mas esta modelação de nossos próprios destinos não nos impede de receber ajuda do exterior. Ainda mais, na vasta maioria dos casos, tal ajuda é absolutamente necessária; quando vem, os poderes e possibilidades superiores da alma são ativados, a vida espiritual é despertada, o crescimento é animado, e o homem se torna, por fim, santo e perfeito.

Esse impulso para a frente não pode ser haurido nos livros. A alma só pode receber impulsos de outra alma, e de nada mais. Podemos estudar os livros toda a nossa vida, podemos tornar-nos muito intelectuais, mas ao fim verificaremos que não nos desenvolvemos absolutamente no sentido espiritual * Não é verdade que uma ordem mais alta de desenvolvimento intelectual acompanhe sempre o desenvolvimento espiritual proporcionado ao homem.- Estudando livros somos às vezes levados à ilusão de pensar que por eles estamos sendo espiritualmente auxiliados. Mas, se analisarmos o efeito desses livros sobre nós, veremos que, no máximo, é apenas o nosso intelecto o que tira proveito de tais estudos, e não o nosso espírito interior. Essa inaptidão dos livros para acelerarem o crescimento espiritual é a razão pela qual, embora cada um de nós possa falar maravilhosamente sobre assuntos espirituais, quando chega o momento da ação e de viver a verdadeira vida espiritual, verificamos quão tremendas são nossas deficiências. Para ativar-nos o espírito, o impulso deve vir-nos de uma outra alma.

A pessoa de cuja alma esse impulso vem, é chamada gurú, o mestre; e a pessoa a cuja alma o impulso é dirigido, chama-se estudante. Para comunicar tal impulso a qualquer alma, em primeiro lugar, a alma da qual ele procede deve possuir o poder de transmiti-lo, por assim dizer, a outros. Em segundo lugar, a alma à qual é transmitido o impulso deve estar preparada para recebê-lo. A semente deve ser semente viva, e o campo deve estar arado, preparado; quando ambas essas condições se realizam, tem lugar um florescimento maravilhoso da genuína religião.

Só esses são os verdadeiros mestres, e só esses são os verdadeiros estudantes, os verdadeiros aspirantes. Todos os outros estão apenas brincando com a espiritualidade. Podem ter somente uma pequena curiosidade despertada, somente uma pequena aspiração intelectual acesa neles, mas ainda permanecem na ala externa do horizonte da religião. Há, não há dúvida, algum valor mesmo nisso, pois daí pode, no correr do tempo, resultar um despertar da. real sede de religião, e, por uma lei misteriosa da natureza, assim que o campo está preparado, a semente deve chegar, e chega. Assim que a alma deseja ansiosamente ter religião, o transmissor da força religiosa deve aparecer, e aparece, para ajudar essa alma. Quando o poder que atrai a luz da religião na alma do recipiendário é integral e forte, o poder que responde a essa atração e lhe envia a luz, surge como coisa natural.

Há, entretanto, certos perigos no caminho. Há, por exemplo, o perigo para a alma recipiendária, de confundir suas emoções momentâneas com o autêntico desejo de religião. Podemos estudar isso em nós mesmos. Muitas vezes, em nossas vidas morre alguém que amávamos. Recebemos um golpe, sentimos que o mundo está-nos fugindo entre os dedos, que desejamos algo mais seguro e mais alto, e que devemos nos tornar religiosos. Em poucos dias aquela onda de sentimentos passa, e ficamos encalhados no mesmo ponto em que estávamos antes. Todos nós confundimos, com freqüência, tais impulsos com a verdadeira sede de religião, mas, enquanto essas emoções momentâneas forem assim confundidas, o anseio autêntico e contínuo de religião não nos virá e não encontraremos o transmissor de espiritualidade. Assim, sempre que estejamos tentados a nos queixar de que nossa pesquisa em relação à verdade que tanto desejamos está-se revelando vã, nosso primeiro dever, em lugar de nos queixarmos, deve ser olhar dentro de nossas almas e verificar se o anseio do coração é autêntico. Então, na imensa maioria dos casos, descobriremos que não estamos preparados para receber a verdade, que não existe aquela sede genuína de espiritualidade.

Há ainda perigos maiores com referência ao transmissor, o gurú. Há muitos que, embora ainda imersos na ignorância, imaginam, no orgulho de seus corações, que sabem tudo, e não só não se detêm aí, mas oferecem-se para levar outros em seus ombros. E assim, cegos conduzindo cegos, tombam juntos no fosso. O mundo está cheio dessas pessoas. Todos querem ser mestres. Todo o mendigo quer fazer doações de um milhão de dólares! Assim como esses mendigos são ridículos, ridículos são esses mestres.

Como podemos conhecer um mestre, então? O Sol não precisa de tocha que o torne visível. Não precisamos acender uma vela para contemplá-lo. Quando o Sol se levanta, tornamo-nos instintivamente conscientes do fato, e quando um mestre de homens vem-nos ajudar, a alma saberá instintivamente que a verda. de já começou a brilhar sobre ela. A verdade apoia-se em seu próprio testemunho, e não requer qualquer outro para provar que é verdade. É auto-refulgente. Penetra nos mais recônditos escaninhos de nossa natureza, e à sua presença todo o universo se ergue e diz: "Esta é a verdade". Os mestres cuja sabedoria e verdade brilham como a luz do Sol, são os maiores que o mundo conheceu, e vêem-se cultuados como Deus pela maioria da humanidade. Mas também poderemos obter auxílio de outros relativamente menores. Apenas, não possuímos bastante intuição para julgar com propriedade o homem do qual recebemos ensinamento e orientação. Assim, precisa haver determinados testes, certas condições que o instrutor deve satisfazer, o mesmo se dando com o aprendiz.

As condições necessárias para o aprendiz são pureza, sede real de conhecimento, e perseverança.

No que se refere ao instrutor, devemos verificar se ele conhece o espírito das escrituras. Todo o mundo lê a Bíblia, os Vedas, o Corão, mas são apenas palavras, sintaxe, etimologia, filologia - os ossos secos da religião. O instrutor que usa palavra demais e permite que a mente seja distraída pela força das palavras, perde o espírito. Os que empregam tais métodos para ensinar religião a outros, estão apenas desejosos de exibir sua erudição, para que o mundo venha louvá-los como grandes eruditos. Verificareis que nem um só dos grandes instrutores do mundo jamais entrou nessas variadas explanações dos textos. Com eles não houve tentativa de "torturar com os textos”, nem o eterno jogo quanto à significação das palavras e suas raízes. Ainda assim, ensinaram nobremente, enquanto outros que nada têm a ensinar tomaram às vezes uma palavra, e escreveram um livro em três volumes sobre a sua origem, sobre o homem que a usou em primeiro lugar, sobre o que esse homem costumava comer, quanto tempo dormia, e assim por diante.

Bhagavan Ramakrishna costumava contar a história de alguns homens que foram a um pomar de mangueiras e se ocuparam em contar as folhas, os rebentos, os galhos, examinando sua cor, comparando seu tamanho, e anotando tudo muito cuidadosamente. Depois, meteram-se em erudita discussão sobre cada um daqueles tópicos, que, indubitavelmente, lhes pareciam altamente interessantes. Mas um deles, mais sensato do que os demais, não fez caso algum daquilo, e começou a comer uma manga. Não se revelou ele um sábio?

A segunda condição necessária para o instrutor é a impecabilidade. Ele deve ser perfeitamente puro, e só então suas palavras terão valia, porque só então ele é o verdadeiro transmissor. Que poderá ele transmitir se não tiver em si poder espiritual? Deve haver a valiosa vibração da espiritualidade na mente do instrutor, de forma que possa ser simpaticamente dirigida à mente do aluno. A função do instrutor é realmente um caso de transferência de algo, e não mero estímulo das faculdades intelectuais, ou de outras que existam no aprendiz. Algo real e apreciável como influência, vem do instrutor e vai para o aprendiz. Portanto, o instrutor deve ser puro.

A terceira condição relaciona-se com o motivo. O instrutor não deve ensinar por qualquer motivo ulterior, egoístico - por dinheiro, nome, ou fama. Seu trabalho deve ser simplesmente oriundo do amor puro pela humanidade em conjunto. O único meio através do qual a força espiritual pode ser transmitida é o amor. Qualquer motivo egoístico, tal como o desejo de ganho ou de nome, destruirá imediatamente esse método de comunicação. Deus é amor, e só quem conheceu Deus como amor, pode ser instrutor das coisas divinas e de Deus aos homens.

Quando virdes que em. vosso instrutor tais condições são integralmente preenchidas, estais seguros. Se não o são, não é seguro permitirdes ser ensinados por ele, pois há o grande perigo de, não podendo comunicar bondade ao vosso coração, ele comunique perversidade. Esse perigo deve ser evitado, por todos os meios. "Quem é culto nas escrituras, sem pecado, impoluído pela luxúria, esse é o maior conhecedor de Brama, é o verdadeiro instrutor."

Quem abre os olhos do aspirante depois da religião é o instrutor. Com o instrutor, portanto, nossas relações são idênticas às existentes entre um ancestral e seu descendente. Sem fé, humildade, submissão, e veneração em nossos corações para com o nosso instrutor, não haverá em nós qualquer florescimento religioso. É fato significativo que onde há essa espécie de relação entre o instrutor e o aprendiz, e só aí, surgem os homens de espiritualidade gigantesca, enquanto que nos países onde negligenciaram manter essa espécie de relação, o instrutor religioso se tornou um simples conferencista - o instrutor esperando seus cinco dólares e a pessoa ensinada esperando que seu cérebro se encha com as palavras do instrutor, e cada qual seguindo seu, caminho depois que isso foi feito. Sob tais circunstâncias a espiritualidade se torna quase uma quantidade desconhecida. Não há nada a transmitir nem nada a receber. A religião de tais pessoas se torna um negócio. Pensam que podem obtê-la com os seus dólares. Prouvesse a Deus que a religião fosse obtida tão facilmente! Mas, infelizmente, isso não é possível.

A religião, que é o mais alto conhecimento e a mais alta sabedoria, não pode ser comprada, nem adquirida através dos livros. Podeis meter vossas cabeças em todos os cantos do mundo, podeis explorar os Himalaias, os Cáucasos, os Alpes; podeis sondar o fundo do mar e esquadrinhar cada nesga do Tibete e do deserto de Gobi, mas não a encontrareis em parte alguma, enquanto vosso coração não estiver preparado para recebê-la e o vosso instrutor não tenha chegado. E quando o instrutor divinamente nomeado chegar, servi-o com a confiança e a simplicidade de uma criança, abri à sua influência, amplamente, o vosso coração, e vede nele Deus manifestado. Aos que procuram a verdade com tal espírito de amor e veneração, o Senhor da verdade revela as coisas mais maravilhosas com relação à verdade, à bondade e à beleza.

Onde quer que Seu nome seja pronunciado, esse lugar se santifica. Quanto mais santificado ficará o homem que pronuncia Seu nome, e com que veneração devemos nos aproximar do homem do qual vem ter a nós a verdade espiritual! Tais grandes instrutores da verdade espiritual são, realmente, muito poucos em número, neste mundo, mas o mundo jamais está inteiramente destituído deles. São sempre as mais belas flores da vida humana um oceano de misericórdia, sem qualquer motivação".

Mais nobre e mais alto do que todos os demais é outro grupo de instrutores, os avatares . Podem transmitir espiritualidade, com um toque, e mesmo com o simples desejo. Os mais baixos e degradados dos caracteres se tornam santos num segundo, sob a ordem deles. São os instrutores de todos os instrutores, as mais elevadas manifestações de Deus através do homem. Não poderemos ver a Deus, senão por intermédio deles. Não podemos deixar de cultuá-los. E, realmente, são eles os únicos que nos cabe cultuar.

Deus compreende as deficiências do homem e torna-se homem para fazer bem à humanidade. "Onde quer que a virtude decaia e a perversidade prevaleça, Eu me manifesto. Para estabelecer a virtude, para destruir o mal, para salvar o bem, Eu venho de época em época." "Os tolos escarnecem-Me por ter assumido forma humana, sem conhecer Minha real natureza como Senhor do Universo." Essa é a declaração de Sri Krishna no Bhagavad-Gitâ sobre a Encarnação. "Quando flui uma grande maré" - diz Bha-gavam Sri Ramakrishna - "enchem-se todos os pequenos riachos e fossos, sem qualquer esforço ou consciência de sua parte. Assim, quando a Encarnação vem, uma maré espiritual inunda o mundo, e as pessoas sentem a espiritualidade na própria atmosfera."

Quem aspira a ser um bhakta, deve saber que "quantas as opiniões tantos os caminhos". Deve saber que todas as várias seitas das diferentes religiões são as várias manifestações da glória do mesmo Senhor. "Chamam-Vos por muitos nomes. Dividem-Vos, por assim dizer, por diferentes nomes, e mesmo assim, em cada um destes se encontra a Vossa onipotência... Alcançais o devoto através de todos estes, e não há qualquer tempo especial, desde que a alma sinta intenso amor por Vós. É tão fácil aproximarmo-nos de Vós, e para mim seria um infortúnio não poder amar-Vos." Não apenas isso. O bhakta deve ter o cuidado de não odiar, sequer de criticar, esses radiantes filhos da luz que são os fundadores das várias seitas. Nem sequer deve ouvir dizer mal deles.

Muito poucos, realmente, são os que são, ao mesmo tempo, possuidores de ampla simpatia e poder de apreciação, bem como de intensidade de amor. Verificamos, como regra, que as seitas liberais e humanitárias perdem a intensidade dos sentimentos religiosos, e em suas mãos a religião tende a degenerar-se numa espécie de vida de clube político-social. Por outro lado, os sectários intensamente estreitos, enquanto exibem um amor bastante meritório pelos seus próprios ideais, mostram ter adquirido cada partícula desse amor através do ódio contra todos os que não sejam exatamente de sua mesma opinião. Quisera Deus que este mundo estivesse cheio de homens que fossem tão intensos em seu amor quão amplos em suas simpatias.! Mas tais homens são muito poucos e raros.

Ainda assim, sabemos que é possível educar um grande nú. mero de seres humanos no ideal de uma fusão maravilhosa da amplitude com a intensidade do amor. E a maneira de o conseguir é através do caminho do "ideal escolhido". Cada seita de cada religião apresenta à humanidade apenas um ideal que lhe é próprio. Mas a eterna religião vedantina abre ao gênero humano um número infinito de portas para ingressar-se no santuário recóndito da Divindade, e coloca diante da humanidade um quase inesgotável desfile de ideais, existindo em cada um deles uma manifestação do Eterno.

Bhaki-Yoga, portanto, nos impõe o mandamento imperioso de não odiar ou negar qualquer dos vários caminhos que conduzem à salvação. Contudo, a planta que está crescendo deve ser cercada a fim de protegê-la enquanto não se torna uma árvore. A tenra planta da espiritualidade morrerá, se exposta cedo demais à ação da constante mudança de idéias e de ideais. Muitas pessoas, em nome do que pode ser chamado liberalismo religioso, podem ser vistas alimentando sua ociosa curiosidade com uma contínua sucessão de ideais diferentes. Ouvir coisas novas constitue, para elas, uma espécie de doença, uma forma de ebriedade religiosa. Desejam ouvir coisas novas só para obter uma excitação nervosa temporária, e quando uma dessas influências excitantes já produziu seu efeito sobre elas, estão preparadas para outras.

A devoção a um ideal é absolutamente necessária ao principiante na prática da devoção religiosa. Ele deve dizer, como Hanuman no Ramayana : "Embora eu saiba que o Senhor de Sri (Vishnu) e o Senhor de janaki (Rama) são ambos manifestações do mesmo Ser Supremo, contudo o meu máximo em tudo é o Rama de olhos de Iótus". Ou, como disse o sábio Tulsidas: "Conquista a simpatia de todos, senta-te com todos, anota o nome de todos, dizei sim, sim - mas mantém-te firme em teu lugar".

Então, se o aspirante devocional for sincero, dessa pequena semente virá uma árvore gigantesca, como a banyan da Índia, lançando galho após galho, raiz após raiz, para todos os lados, até cobrir todo o campo da religião. Assim, o verdadeiro devoto compreende que Aquele que era seu próprio ideal na vida, é cultuado em todos os Ideais, por todas as seitas, sob todos os nomes, e através de todas as formas.

Com relação ao método e aos meios da Bkati-Yoga, lemos no comentário do Bhagavan Ramanuja sobre os Sutras da Vedanta: "A obtenção de Bhakti vem através do discernimento do domínio das paixões, dos exercícios, do trabalho sacrificial, da pureza, da energia, e da supressão da excessiva alegria".

Viveka, ou discernimento consiste, segundo Ramanuja, em discernir, entre outras coisas, o alimento puro do impuro. "Quando o alimento é puro, o elemento sattva se purifica e a memória se aprimora."

A questão de alimentos sempre foi das mais vitais no que se refere aos bhaktas. Excluída a extravagância a que atingiram algumas das seitas de Bhakti, há urna grande verdade subjacente nesta questão de alimentos. Os materiais que recebemos através da nossa alimentação, para a estrutura do nosso corpo, determinam, em grande parte, a nossa constituição mental. Portanto, o alimento que ingerimos deve ser visto de maneira muito particular.

Este discernimento do alimento é, afinal, de importância secundária. A passagem acima citada é explicada por Shankara de uma forma diferente, dando significação inteiramente diversa à palavra ahara, traduzida geralmente por "alimento". Segundo ele, "ahara é o que se recolhe. O conhecimento das várias sensações, tal como o do som, é recolhido para prazer do gozador. A purificação do conhecimento recolhido pelos sentidos se chama purificação do alimento (ahara). Purificação do alimento significa a aquisição do conhecimento de sensações não maculadas pelos defeitos do apego, da aversão, da desilusão. Tal é o significado. Portanto, sendo purificado tal conhecimento, ou abara, o sattva material de seu possuidor - o órgão interno - se tornará puro, e purificado o sanva, resultará uma ininterrupta memória do Infinito".

Essas duas explicações mostram-se aparentemente conflitantes, mas ambas são verdadeiras e necessárias. A manipulação e controle do que pode ser chamado corpo mais sutil, isto é, a mente, são funções mais elevadas, sem dúvida alguma, do que o controle do corpo físico, mais grosseiro. Mas o controle do mais grosseiro é absolutamente necessário para capacitar uma pessoa a chegar ao controle do corpo mais sutil. Portanto, o principiante deve dar atenção especial às regras dietéticas transmitidas por uma sucessão de instrutores acreditados. Mas o fanatismo extravagante e destituído de significação, que levou a religião inteiramente para a cozinha, como se pode observar em algumas de nossas seitas, é uma espécie peculiar de puro e simples materialismo. Não é inana, nem Bhakti, nem Karma. É uma forma especial de demência. Portanto, o racional é que é necessário haver discernimento na escolha da alimentação, para se obter esse estado de composição mental superior, que de outra maneira não se pode obter facilmente.

Domínio das paixões é o passo seguinte. Refrear os órgaos em sua tendência de procurar os objetos dos sentidos, controlá-los, e trazê-los sob a orientação da vontade, eis a virtude central na cultura religiosa. Então vem a prática do autodomínio e da auto-negação. Todas as imensas possibilidades de compreensão divina da alma não podem ser efetivadas sem luta e sem essa prática por parte do devoto aspirante. "A mente deve pensar sempre no Senhor." É muito duro, de início, levar a mente a pensar sempre no Senhor, mas com cada novo esforço se fortalece em nós o poder de fazer tal coisa.

Depois, quanto ao trabalho sacrificatório entende-se que os cinco grandes sacrifícios" (culto, estudo, e diversas espécies de atividades humanitárias) devem ser habitualmente realizados.

Pureza é a disciplina absolutamente básica, a rocha em que se assenta todo o edifício de Bhakti. Limpar o corpo externamente e selecionar o alimento são coisas fáceis, mas sem a limpeza e pureza internas, as práticas externas não têm nenhum valor. Na lista de qualidades que conduzem à pureza, tal como foi dada por Rãmanuia, estão enumeradas a veracidade; a sinceridade; fazer o bem a outros sem qualquer ganho pessoal; não ofender ninguém por pensamento, palavra ou ação; não cobiçar as posses alheias; não manter pensamentos vãos; e não ruminar as injúrias recebidas de outrem.

Nesta lista, a idéia que merece referência especial é ahimsa, a inofensividade. O dever de não ofender, é, por assim dizer, obrigatório em nossas relações com todos os seres. Não significa, simplesmente, como acontece com alguns, não prejudicar os seres humanos, mas não ter misericórdia para com os animais inferiores. Nem significa, como pensam outros, proteger cães e gatos e alimentar formigas com açúcar, mas mantendo a liberdade de prejudicar o seu irmão humano da maneira mais horrível. É notável observar como quase todas as boas idéias deste mundo podem ser levadas a um extremo repulsivo. Uma boa prática levada ao extremo e executada de acordo com a letra da lei, torna-se um mal positivo. Os monges malcheirosos de certas ceitas religiosas, que não se banham para que a vermina de seus corpos não seja morta, jamais pensam no desconforto e nas doenças que levam a seus semelhantes. Não pertencem, portanto, à religião dos Vedas.

Devemo-nos lembrar sempre, em conseqüência, de que as práticas externas só têm valor como meios auxiliares para desenvolver a pureza interior. É melhor ter apenas pureza interna, quando não é praticável a minuciosa atenção às observâncias externas. Mas ai do homem e ai da nação que esquecem a parte essencial, real, interna, e espiritual, da religião, e agarram-se mecanicamente, com apego mortal, a todas as formas externas e jamais se separam delas! As formas só têm valor enquanto são expressões da vida interior. Se cessaram de expressar vida, esmagai-as sem misericórdia.

O meio seguinte para a obtenção de Bhakti é energia. "Esse Atman não será obtido pelos fracos." Tanto a força física como a mental estão aqui englobadas. "Os fortes, os resistentes" são os únicos estudantes adequados. Que podem fazer as coisinhas débeis, decrépitas? Irão quebrar-se em pedaços sempre que as misteriosas forças do corpo e da mente forem acordadas, mesmo levemente, pela prática de qualquer das Yogas. "Os jovens, os sadios, os fortes- são os que podem lograr sucesso. Força física, portanto, é absolutamente necessária. Só um corpo forte pode suportar o choque da reação que resulta das tentativas para controlar os órgãos. O que deseja tornar-se um bhakta, deve ser forte, deve ser sadio. Quando os miseravelmente fracos tentam qualquer das Yogas, possivelmente irão adquirir moléstia incurável, ou enfraquecer a mente. Enfraquecer voluntariamente o corpo não é, realmente, uma receita para o esclarecimento espiritual.

Os fracos mentalmente também não podem ter sucesso na obtenção de Atman. Quem aspire ser um bhakta deve ser animado. No mundo ocidental, a idéia de um homem religioso é a daquele que jamais sorri, que parece ter sempre uma nuvem escura pendendo sobre seu rosto, que deve ser comprido, com a mandíbula quase deslocada. As pessoas de corpos emaciados e rostos compridos são pacientes para médicos; não são yogues. A mente animada é que se faz perseverante. A mente forte é que desbasta seu caminho através de milhares de dificuldades. E a mais dura de todas as tarefas, o abrir nosso caminho entre as redes de maya, pertence às vontades de gigantes.

Ainda assim, ao mesmo tempo, a alegria exagerada deve ser evitada. A alegria exagerada torna-nos impróprios para o pensamento sério, e também desperdiça em vão as energias da mente. Quanto mais forte a vontade, menor é a submissão às vacilações emocionais. Hilaridade excessiva é tão censurável quanto o excesso de triste seriedade, e toda a compreensão religiosa só é possível quando a mente está em condições firmes, pacíficas, de equilíbrio harmonioso.

É assim que se deve começar a aprender como amar o Senhor.

Quatro Yogas deAuto-Realização


Swami Vivekananda

Auto-realização através do amor a Deus (Bhakti-Yoga) - primeira parte

A melhor definição dada à Bhakti-Yoga está talvez resumida no verso: "Que o amor que os faltos de discernimento nutrem pelos fugazes objetos dos sentidos, jamais abandone este meu coração, que é o de quem Te busca!"


Sabemos quão forte é o amor que os homens, nada conhecendo de melhor, têm pelos objetos dos sentidos, como dinheiro, roupas, suas esposas, filhos, amigos, e propriedades. Como se agarram tremendamente a todas essas coisas! Por isso, na prece acima, o sábio diz: "Terei um apego assim - esse tremendo agarramento - mas somente em relação a TC.

Esse amor, quando dado a Deus, é chamado Bhakti. Bhakti não é destrutivo. Ensina que nenhuma das faculdades que temos nos foi dada em vão, e que é através delas que encontramos o caminho natural para a libertação. Bhakti não mata nossas tendências, não vai contra a natureza, mas só lhes dá uma direção mais nobre e mais poderosa. Quando o mesmo amor dedicado aos objetos dos sentidos é dedicado a Deus, esse amor se chama Bhakti. O principal é desejar Deus. Só quando nos saciamos de tudo que aqui existe é que olhamos para o além, em busca de suprimento. Parai com os brinquedos infantis do mundo assim que puderdes, e então notareis a necessidade de algo para além do mundo, e virá o primeiro passo na religião.

Há uma forma de religião que segue a moda. Minha amiga tem tal mobília em sua sala; é moda ter um vaso japonês; portanto, ela precisa também ter um ainda que custe mil dólares. Da mesma maneira teremos uma pequena religião, e freqüentaremos uma igreja. Bhakti não é para essas pessoas. Isso não é desejar. Desejar é querer algo sem o qual não se pode viver., Desejamos respirar, desejamos alimento, desejamos roupas. Sem isso não podemos viver. Quando um homem ama uma mulher neste mundo, há momentos em que ele imagina não poder viver sem ela, embora isso seja um engano. Quando um marido morre, a esposa pensa que não poderá viver sem ele, mas vive, apesar de tudo. Esse é o segredo da necessidade. Algo sem o qual não se pode viver. Devemos ter esse algo, senão morreremos. Quando chegar a ocasião de assim nos sentirmos em relação a Deus, ou, em outras palavras, desejarmos algo para além deste mundo algo acima de todas as forças materiais, então poderemos tornar-nos bhaktas.

Primeira parte

Vemos, claramente, que Bhakti é uma série ou sucessão de esforços mentais para a compreensão da religião, começando com o culto comum o terminando com uma intensidade suprema de amor por Ishvara (Deus pessoal).

Bhakti-Yoga é uma procura real, autêntica, do Senhor, uma procura que começa, continua e termina amor. Um simples momento da loucura do amor extremado a Deus nos traz a liberdade eterna. "Bhakti" - diz Narada em sua explicação dos Aforismos Bhaktis - "é o intenso amor por Deus". "Quando um homem o obtém, ama tudo, nada odeia, torna-se satisfeito para sempre." "Esse amor não pode ser reduzido a qualquer benefício terreno" - porque enquanto houver um desejo mundano, essa espécie de amor não virá. Bhakti é maior do que Karma-Yoga, maior do que Raia-Yoga, porque estas têm um objetivo em vista, ao passo que Bhakti é sua própria fruição, seus próprios meios, e seu próprio fim."

Não há, realmente, muita diferença entre conhecimento (jnana) e amor (bhakti), como às vezes se imagina. Veremos, na continuação, que por fim ambos convergem e se encontram no mesmo ponto. Assim acontece com Raja-Yoga, que, quando procurada como meio de libertação, e não (como, infelizmente, se converte, com freqüência, em mãos de charlatães e vendedores de mistérios) como instrumento para iludir os incautos, leva-nos também ao mesmo escopo.

A verdadeira e grande vantagem de Bhakti é ser o caminho mais fácil e mais natural para alcançar-se o grande fim divino em vista. Sua grande desvantagem é que, em suas formas inferiores, com freqüência se degenera em hediondo fanatismo. O grupo fanático entre o hinduísmo e o maometismo ou o cristianismo, sempre tem sido recrutado quase que exclusivamente entre esses devotos das camadas mais baixas de Bhakti. O apego exclusivo a um objeto amado, sem o que nenhum amor genuíno rode crescer, é, com muita freqüência, também a causa da intolerância contra tudo quanto difere desse amor. Todas as mentes fracas e não desenvolvidas, em todas as religiões e em todos os países, só têm uma forma de amar seu próprio ideal, isto é, detestando todos os outros ideais. Aqui temos a explicação do fato do mesmo homem, tão amorosamente apegado ao seu próprio ideal de Deus, tão devotado a seu próprio ideal de religião, tornar-se UM fanático vociferante assim que vê ou ouve alguma coisa que não seja o seu ideal. Essa espécie de amor é, de certa forma, igual ao instinto canino de guarda à propriedade de seu dono contra a invasão. Acontece, apenas, que o instinto do cão é melhor do que a razão do homem, pois o cão jamais confunde seu dono com um inimigo, seja qual for o trajo com que aquele se lhe apresente.

O fanático perde todo o poder de julgamento. As considerações pessoais lhe são, nesse caso, de tão absorvente interesse que não lhe importa se o que um homem diz é certo ou errado, mas o que o preocupa particularmente saber é quem o diz. O mesmo homem que é bom, benévolo, honesto e amoroso para os que partilham de sua própria opinião, não hesitará em cometer as ações mais vis para com aqueles que ficam fora do pálio de sua fraternidade religiosa.

Mas esse perigo existe apenas no estágio de Bhakti que é chamado preparatório. Quando o báta amadurece e passa para a forma chamada a suprema, não há mais receio dessas hediondas manifestações de fanatismo. A alma que é dominada por esta forma superior de Bhakti está demasiado próxima do Deus do amor para se tornar um instrumento para a difusão do ódio.

Não é dado a todos nós sermos harmoniosos na construção de nosso caráter nesta vida. Não obstante, sabemos que esse caráter é do tipo mais nobre, no qual todos os três - o conhecimento, o amor e a Raja-Yoga - estão harmoniosamente fundidos. Três coisas são necessárias a um pássaro para poder voar: as duas asas e a cauda, sendo esta como um leme para a direção. Inana é uma asa, Bhakti é a outra, e Raja-Yoga é a cauda que nos mantêm em equilíbrio. Os que não podem seguir todas essas três formas de culto reunidas em harmonia, e tomam, portanto, apenas Bhaki como seu caminho, precisam lembrar-se sempre de que os ritos e cerimônias, embora absolutamente necessários para a alma em progresso, não têm outro valor senão o de nos levar àquele estado em que sentimos o mais intenso amor por Deus.

Vemos claramente, portanto, que Bhaktí é uma série ou sucessão de esforços mentais para a realização religiosa, começando no culto comum e terminando na suprema intensidade de amor por Ishvara (Deus Pessoal).

Sempre se deve compreender que o Deus Pessoal cultuado pelo Máta não é separado ou diferente de Brama. Tudo é Brama, o Único sem segundo. Contudo, como Unidade, ou Absoluto, Brama é uma abstração excessiva para ser amado e cultuado. Assim, o bhakta escolhe um aspecto relativo de Brama, isto é, Ishvara, o Governante Supremo. Para usar um símile: Brama é a argila ou a substância da qual uma infinita variedade de artigos é moldada. Como argila, tais artigos são apenas um, mas formam diferentes manifestações dela. Antes que cada um deles fosse feito, todos existiam potencialmente na argila, e, como é natural, eram idênticos no que se refere à substância. Mas, uma vez formados, e enquanto a forma permanece, são separados e diferentes. O rato de argila jamais pode tornar-se um elefante de argila, porque, na qualidade de manifestações, somente a forma faz deles o que são, embora como argila informe sejam apenas um. Ishvara é a mais alta manifestação da Realidade Absoluta, ou, em outras palavras, a leitura mais alta do Absoluto que a mente humana pode fazer. A Criação é eterna, como eterno é Ishvara.

Bhakti-Yoga, como já dissemos, se divide em duas formas: a suprema e a preparatória. Verificaremos, conforme caminhemos, como, no estágio preparatório, ficamos, inevitavelmente, na necessidade de auxílios concretos que nos ajudem a prosseguir. E, realmente, as partes mitológicas e simbólicas de todas as religiões são decorações naturais que de início circundam a alma aspirante e a ajudam a tomar a direção de Deus. Também é um fato significativo terem sido os gigantes espirituais produzidos apenas nos sistemas de religião onde há exuberante riqueza de ritualismo e mitologia. As formas secas e fanáticas de religião, que tentam despojá-la de tudo quanto é poético, de tudo quanto é belo e sublime, de tudo quanto oferece um forte ponto de apoio à mente infantil que vai cambaleando em seu caminho para Deus - as formas que tentam destruir os próprios paus de cumeeira do telhado espiritual, e em suas concepções ignaras e supersticiosas da verdade tentam expulsar tudo quanto dá vida, tudo quanto fornece o material formador da planta espiritual que viceja na alma humana - tais formas de religião bem depressa terão verificado que só lhes restou uma casca vazia, moldura insatisfatória de palavras e sofismas, que talvez tenham ligeiro odor de uma espécie de varredura social, ou do chamado espírito de reforma.

A vasta massa daqueles cuja religião é desse tipo, são materialistas conscientes ou inconscientes, sendo o fim e a meta de suas vidas, aqui e no além o prazer, que, realmente, constitui para eles o alfa e o ômega da vida humana. Para esses, trabalho como o de limpeza de imundícies, visando dar conforto material ao homem, constitui a razão de ser, e a finalidade da existência humana. E quanto mais depressa os seguidores dessa curiosa mistura de ignorância e fanatismo surgirem sob. suas cores verdadeiras, e se reunirem, como merecem fazer, às fileiras dos ateus e materialistas, melhor será para o mundo. Uma grama de prática de integridade e de auto-realização espiritual, ultrapassa em peso toneladas e toneladas de palavreado frívolo e sentimentos disparatados. Mostrai-nos um, apenas um, gigantesco gênio espiritual que tenha nascido de toda essa ressecada poeira de ignorância e fanatismo. Se não o podeis fazer, fechai vossas bocas, abri as janelas de vossos corações à luz clara da verdade, e senti-vos como crianças aos pés daqueles que sabem o de que estão falando - os sábios da India. Ouçamos, pois, atentamente, o que eles dizem.

Quatro Yogas deAuto-Realização


Swami Vivekananda

Auto-realização através do serviço altruísta (Karma Yoga) - quarta parte

A roda do mundo dentro de uma roda é um terrível mecanismo. Só há duas maneiras de se sair dela. Uma í abandonar toda preocupação com a máquina, deixá-la andar e ficar de lado - abandonar nossos desejos. Isso é muito fácil de dizer, mas quase impossível de fazer A outra maneira é mergulhar no mundo o aprender o segredo do trabalho. Não fujais das rodas da máquina-do-mundo, mas permanecei dentro dela o aprendei o segredo do trabalho. Através de trabalho adequado, feito no interior, também é possível realizar.


Este universo é apenas uma parte da Existência infinita, atirada a um molde peculiar, composto de espaço, tempo e causalidade. Segue-se, necessariamente, que só pode existir lei dentro desse universo condicionado. Para além dele não pode haver lei alguma. Quando falamos do universo, queremos falar apenas daquela porção de Existência limitada pelas nossas mentes - o universo dos sentidos, que podemos ver, tocar, ouvir, conjeturar, imaginar. Só esta porção está. sob lei; mas além dela, a Existência não pode estar sujeita à lei, porque a causalidade não se estende para além do mundo das nossas mentes. O que quer que fique para além do âmbito de nossa mente e de nossos sentidos, não está preso à lei de causalidade, pois não há associação mental de coisas na região além dos sentidos, nem causalidade nem associação de idéias. Só quando o Ser ou Existência se amolda em nome e forma é que obedece à lei de causalidade e se diz estar sujeito à lei, porque toda a lei tem sua essência na causalidade.

Vemos, portanto, que não há essa coisa a que chamam livre arbítrio. As próprias palavras são uma contradição, porque a vontade é o que conhecemos, e tudo quanto conhecemos está dentro do nosso universo, e tudo quanto está dentro do nosso universo é moldado pela condição de espaço, tempo e causalidade. Tudo quanto sabemos, ou podemos chegar a saber está sujeito à causalidade, e o que obedece à lei de causalidade não pode ser livre. Recebe a influência de outros agentes e, por sua vez, torna-se uma causa. Mas aquilo que foi convertido em vontade, e que antes não era vontade, mas que, quando cai no molde espaço, tempo e causalidade, converte-se em vontade humana, é livre. E quando essa vontade sai para fora do molde de espaço, tempo e causalidade, é livre de novo. Da liberdade ela vem, amolda-se a esse cativeiro, e dele sai e regressa de novo à liberdade.

Tem-se indagado de quem procede este universo, em quem ele repousa, e para quem ele vai. E tem-se respondido que ele vem da liberdade, repousa no cativeiro, e volta à liberdade, novamente. Assim, quando falamos do homem como do Ser infinito que se manifesta, queremos dizer que apenas uma partícula disso é homem. Este corpo e esta mente que vemos são apenas uma parte do todo, apenas um ponto do Ser infinito. Este universo todo é apenas uma partícula do Ser infinito e todas as nossas leis, nossos cativeiros, nossas alegrias e nossos desgostos, nossas expectativas estão apenas dentro deste pequeno universo. Toda a nossa progressão e regressão estão dentro de seu pequeno perímetro.

Para adquirir a liberdade devemos transpor as limitações deste universo. Não pode ser encontrada aqui. Equilíbrio perfeito, ou o que os cristãos chamam paz que ultrapassa toda compreensão, não pode ser adquirida neste universo, nem no céu, nem em parte alguma onde nossa mente e pensamentos possam atingir, onde os sentidos possam sentir, ou que a imaginação possa conceber. Tal lugar não nos pode dar liberdade, porque todos os lugares assim estariam dentro do nosso universo, e nosso universo é limitado pelo espaço, tempo e causalidade. Pode haver lugares que sejam mais etéreos do que esta nossa Terra, onde os prazeres sejam mais agudos, mas mesmo esses lugares estarão dentro do universo, e portanto, sob o cativeiro da lei. Assim, temos de ir além, e a verdadeira religião começa onde o universo termina.

Aqui terminam essas pequenas alegrias e desgostos e esse conhecimento das coisas, e começa a Realidade. Enquanto não abandonarmos a sede de viver, o forte apego a essa nossa existência transitória, condicionada, não teremos esperança de obter sequer um relance daquela infinita liberdade do além.

A razão percebe, então, que há apenas uma maneira de obter aquela liberdade, meta de todas as mais nobres aspirações da humanidade, e essa maneira é renunciando esta pequena vida, renunciando este pequeno universo, renunciando esta terra, renunciando o céu, renunciando o corpo, renunciando a mente, renunciando tudo quanto é limitado e condicionado. Se renunciar-mos nosso apego a este pequeno universo dos sentidos e da mente, imediatamente seremos livres. A única forma de sair do cativeiro é transcender as limitações da lei, transcender a causalidade.

É, porém, uma coisa muitíssimo difícil renunciar ao apego a este universo. Poucos já o conseguiram. Há duas maneiras de fazer isto, mencionadas em nossos livros. Uma é chamada a Neti, neti (Isso não, isso não). A outra é chamada Iti (Isto). A primeira é a forma negativa, e a segunda é a forma positiva. A forma negativa é a mais difícil. Só é possível para homens de altíssimas mentes e vontade gigantesca, que apenas se erguem e dizem - "Não, não receberei isto". E a mente e o corpo obedecem à sua vontade, e eles têm sucesso. Mas essas pessoas são muito raras. A vasta maioria da humanidade escolhe a maneira positiva, o caminho através do mundo, fazendo uso de todos os cativeiros para romper esses mesmos cativeiros. Essa é também uma forma de renúncia, feita tão-só lenta e gradualmente, através do conhecimento das coisas, do gozo das coisas, obtendo-se assim experiência e conhecendo a natureza das coisas até que, afinal, a mente as deixe partir todas e se torne desapegada.

A primeira forma de obter o desapego é através do raciocínio, e a última é através da ação e da experiência. A primeira é o caminho da Jnana-Yoga, que se caracteriza pelas ações práticas. Todos devem trabalhar no universo. Somente aqueles que estão perfeitamente satisfeitos com o Eu, cujos desejos não vão além do Eu, para quem o Eu é tudo - só esses não trabalham. O resto deve trabalhar.

Uma corrente d'água precipitando-se de seu leito normal, tomba num vácuo e forma um remoinho. Depois de fluir um pouco nesse remoinho, emerge novamente sob a forma de corrente livre, continuando então sem tropeços. Cada vida humana é como essa corrente. Tomba no remoinho e fica envolvida neste mundo de espaço, tempo e causalidade. Rodopia um pouco exclamando: "meu pai, meu irmão, meu nome, minha fama -, etc., e, finalmente, dele emerge livre, obtendo mais uma vez sua liberdade original. Todo o universo está fazendo isso. Saibamos ou não, sejamos ou não conscientes disso, todos estamos trabalhando para sair do sonho do mundo. A experiência do homem no mundo é feita para possibilitar-lhe a saída de seu remoinho.

Que é Karma-Yoga? P, o conhecimento do segredo da ação. Vemos que todo o universo trabalha. Para quê? Para a salvação, para a liberdade. Desde o átomo até o mais alto ser, trabalham todos para o mesmo fim: liberdade para a mente, para o corpo, para o espírito. Todas as coisas estão tentando conseguir liberdade, fugindo ao cativeiro. O Sol, a Lua, a Terra, os planetas - todos estão tentando escapar do cativeiro. As forças centrífugas e centrípetas da natureza são, realmente, típicas do nosso universo.

Para encontrar saída do cativeiro do mundo, temos de atravessá-lo lenta e seguramente. Pode haver pessoas excepcionais, das quais acabei de falar, que conseguem ficar de lado e abandonar o mundo, como a cobra que abandona sua pele e fica a olhar para ela, ali ao lado. Não há dúvida que esses seres excepcionais existem. O resto da humanidade, porém, deve ir lentamente, através do mundo do trabalho. Karma-Yoga mostra o processo, o segredo e o método de fazer isso com os melhores resultados.

Que diz ela? Trabalhai incessantemente, mas abandonai todo o apego ao trabalho. Não vos identifiqueis com coisa alguma. Mantende vossa mente livre. Tudo isso que vedes - as dores e as angústias - são apenas condições necessárias neste mundo, Pobreza, riqueza e felicidade, são momentâneas, apenas. Não pertencem absolutamente à nossa natureza verdadeira. Nossa natureza está muito além da angústia e da felicidade, além de qualquer objeto dos sentidos, além da imaginação. Ainda assim, devemos continuar trabalhando todo o tempo. A angústia surge do apego, não do trabalho. Assim que nos identificamos com o trabalho que fazemos, sentimo-nos angustiados, mas se não nos identificarmos com ele, não sentiremos essa angústia. Se um belo quadro pertencente a outra pessoa se incendeia, um homem geralmente não se torna angustiado, mas quando é seu próprio quadro que se queima, quão angustiado ele se sente! Por quê? Ambos eram quadros muito belos, talvez cópias do mesmo original, mas num caso é muito maior a angústia sentida do que no outro. Isto se dá porque num caso ele se identifica com o quadro, e no outro caso não.

Esses "eu e meu" causam toda a angústia. Com o senso de posse vem o egoísmo, e o egoísmo traz angústia. Todo o ato ou pensamento egoísta torna-nos apegados a algo, e imediatamente nos tornamos escravos. Portanto, Karma-Yoga diz-nos que goze-mos a beleza de todos os quadro do mundo, mas não nos identifiquemos com nenhum deles. Nunca digais "meu". Sempre que dizemos de uma coisa que é "minha", a angústia aparece imediatamente. Não digais sequer - meu filho", em vossa mente. Se o fizerdes, virá a angústia. Não digais "minha casa", não digais "meu corpo". Toda a dificuldade está aí. O corpo nem é vosso, nem meu, nem de ninguém. Esses corpos vêm e vão segundo as leis da natureza, mas nós somos livres, permanecendo alheios como testemunhas. Este corpo não é mais livre do que um quadro numa parede. Por que nos apegaríamos tanto a um corpo? Se alguém pinta um quadro, faz isso e passa. Não projetais o tentáculo de egoísmo que diz: "devo possuir isso". Assim que ele é projetado, tem início a angústia.

Aqui estão duas formas de desistir de todo o apego. Uma é para os que não acreditam em Deus ou em qualquer auxílio exterior. Esses são deixados aos seus próprios recursos, e têm, simplesmente, que trabalhar com sua própria vontade, com os poderes de suas mentes e discernimento, dizendo: "Não devo ser apegado". Para os que acreditam em Deus, há um outro caminho, que é muito menos difícil, Eles dedicam os frutos do trabalho ao Senhor. Trabalham e jamais se apegam aos resultados. O que quer que vejam, sintam, ouçam ou façam, é para Ele. Para qualquer bom trabalho que nos aconteça fazer, não reclamemos louvores ou benefícios. O trabalho pertence ao Senhor, e os frutos devem ser entregues a Ele. Fiquemos de lado, e pensemos que somos apenas servos, obedecendo ao Senhor, nosso Mestre, e que cada impulso para a ação nos vem d'Ele a cada momento. O que quer que cultueis, o que quer que compreendais, o que quer que façais - ofertai tudo a Ele, e ficai em paz.

Fiquemos em paz, em paz perfeita conosco mesmos, e dediquemos todo o nosso corpo e nossa mente, e tudo o mais, como sacrifício eterno, ao Senhor. Em lugar do sacrifício que manda derramar oferendas no fogo, façamos este grande sacrifício, noite e dia - o sacrifício do nosso pequeno eu. - Procurei riquezas neste mundo, e Tu foste a única riqueza que encontrei; sacrifico a Ti a minha pessoa. Procurei alguém para amar, e Tu és o único bem-amado que encontrei; sacrifico a Ti a minha pessoa." Repitamos isto dia e noite, e digamos: "Nada para mim. Não importa que sejam coisas boas, más, ou indiferentes; não me interesso por elas. Sacrifico tudo a W'. Dia e noite, renunciemos nosso eu aparente, até que se torne um hábito para nós o fazermos isso, até que isso nos penetre no sangue, nos nervos, no cérebro, e todo o corpo, a cada momento, esteja obediente a essa idéia de renúncia do eu. Entrai, então, no campo de batalha, com o troar do canhão e o fragor da guerra, e vereis que estais livres e em paz.

Karma-Yoga ensina-nos que a idéia comum de dever está em plano inferior. Ainda assim, todos nós temos de cumprir nosso dever. Apesar disso, podemos ver que esse senso peculiar de dever é muitas vezes uma grande causa de angústia. O dever torna-se como uma doença, para nós. Toma conta de nós, e faz-nos a vida detestável. -9 a maldição da vida humana. Esse dever, essa idéia de dever, é o Sol do auge do verão, que vem crestar a alma recôndita da humanidade. Olhai para esses pobres escravos do dever! O dever não lhes dá tempo de fazerem suas orações, não lhes dá tempo para se banharem. O dever está sempre sobre eles. Saem, e trabalham. O dever está sobre eles! Isso é viver como escravos, por fim tombando na rua e morrendo arreados, como os cavalos. Isso é o dever, tal como é entendido.

O único e verdadeiro dever é ser desapegado e trabalhar como seres livres, oferecer todo o trabalho a Deus. Todos os nossos deveres aí estão. Abençoados somos nós, que nos vemos dispensados aqui. Servimos durante o nosso tempo, e se o fazemos mal ou bem, quem o sabe? Se o fazemos bem, não teremos os frutos. Se o fazemos mal, também não nos importamos. Repousai, sede livres, e trabalhai.

Que é o dever, afinal? É, realmente, o impulso da carne, ou o nosso apego. E quando um apego se estabelece, chamamo-lo dever. Por exemplo, nos países onde a gente não se casa, não, há dever entre marido e mulher. Quando vem o casamento, marido e mulher vivem juntos por causa do apego, e essa espécie de vida em comum fica estabelecida depois de gerações, e, uma vez estabelecida, torna-se um dever. Trata-se, por assim dizer, de uma espécie de moléstia crônica. Quando o apego se torna crônico, batizamo-lo com o altissonante nome de dever. Juncamo-lo de flores, fazemos soar por ele as trombetas, recitamos a propósito dele textos sagrados, e então o mundo inteiro luta e os homens animadamente se roubam uns aos outros, por amor a esse dever.

O dever é bom até o ponto em que detém a brutalidade. Para os tipos comuns de homens, que não podem ter qualquer outro ideal, ele é de certa forma bom, mas os que desejam tornar--se karma-yogues devem atirar para longe a idéia de dever. Não há dever para vós e para mim. O que quer que tenhais de dar ao mundo, dai, seja como for, mas não como dever. Não aceiteis qualquer pensamento nesse sentido. Não sejais compelidos. Por que seríeis compelidos? Tudo quanto fazeis sob compulsão gera apego. Entregai tudo a Deus. Nessa tremenda, violenta fornalha onde o fogo do dever cresta toda a gente, bebei esta taça de néctar e sede felizes.

Nós estamos, simplesmente, cumprindo Sua vontade, e nada temos a ver com recompensas e punições. Se desejais a recompensa, deveis ter também a punição. A única maneira de escapar à punição é desistir da idéia de recompensa. A única maneira de escapar à angústia é abandonar a idéia de felicidade, porque as duas estão presas uma à outra. De um lado está a felicidade, e do outro, a angústia. De um lado está a vida, e do outro, a morte. A única maneira de transpor ambas é abandonar o amor à vida. A vida e a morte são a mesma coisa, vista de pontos diferentes. Assim, a idéia de felicidade sem angústia, ou de vida sem angástia, ou de vida sem morte, é muito boa para meninos de escolas e crianças, mas o pensador vê em tudo isso uma contradição em termos, e abandona ambas. Não busqueis louvores, não busqueis recompensa pelo que quer que tenhais feito. Mal terminamos de realizar uma boa ação, começamos a desejar crédito por ela. Mal damos dinheiro para alguma obra de caridade, já queremos ver nossos nomes citados nos jornais. A angústia surge como resultado de tais desejos.

Na presença de uma Providência sempre ativa, que observa mesmo a queda de um pardal, como pode o homem ligar qualquer importância ao seu próprio trabalho? Não será blasfêmia fazer tal coisa, quando sabemos que Ele cuida das mínimas coisas deste mundo? Só nos cabe ficar diante d'Ele, em veneração e respeito, dizendo: "Tua vontade será cumprida".

Os homens superiores não podem trabalhar, porque neles não existe apego. Os que se tornaram sempre associados com o Eu, não há trabalho para eles. São eles, realmente, os mais elevados da humanidade, mas, além deles, todos os demais têm de trabalhar. Em assim trabalhando, jamais devemos pensar que pode-mos ajudar sequer a mínima coisa existente neste universo. Não o podemos. Só nos ajudamos a nós mesmos neste ginásio do mundo. Essa é a atitude adequada para o trabalho. Renunciai a todos os frutos do trabalho, fazei o bem por amor ao bem; então, e só então, virá o perfeito desapego. Os liames do coração serão assim rompidos, e colheremos a liberdade perfeita. Essa Liberdade é, realmente, a meta da karma-yoga.

A idéia que em seguida encaramos, é a da igualdade. A promessa de um milênio tem sido um grande incentivo para o trabalho. Muitos religiosos a pregam como uma de suas doutrinas, isto é, que Deus está para vir governar o universo, e então não haverá diferença absolutamente nenhuma nas condições Os que pregam tal doutrina são meros fanáticos, e os fanáticos são, realmente, os indivíduos mais sinceros da humanidade. O Cristianismo foi pregado precisamente na base da fascinação desse fanatismo, e foi isso que o tornou tão atraente para os escravos gregos e romanos. Eles acreditavam que sob a religião milenar não mais haveria escravidão; que existiria fartura de coisas para comer e beber, e portanto, se constituíram em rebanho em torno dos padrões cristãos. Os que pregaram a idéia, de início, eram, naturalmente, fanáticos ignorantes, mas muito sinceros. Nos tempos modernos essa aspiração milenar é expressa em termos de igualdade - de liberdade, igualdade, e fraternidade. Também isso é fanatismo.

A verdadeira igualdade jamais existiu e jamais existirá sobre a Terra. Como podemos ser todos iguais, aqui? Essa impossível espécie de igualdade implica em morte total. O que faz deste mundo o que ele é? O equilíbrio perdido. No estado original, que é chamado caos, houve equilíbrio perfeito. Como vieram, então, todas as forças formadoras do universo? Pela luta, pela competição, pelo conflito. Suponhamos que todas as partículas de matéria fossem mantidas em equilíbrio: haveria algum processo de criação? Sabemos, através da Ciência, que isso seria impossível. Perturbai um lençol de água, e vereis que cada partícula de água tenta acalmar-se de novo, correndo ao encontro da outra. Da mesma maneira, o fenômeno a que chamamos uni. verso - todas as coisas que nele existem - estão lutando para voltar ao estado de perfeito equilíbrio. De novo aparece a turbulência, e de novo temos combinação e criação. Desigualdade é a própria base da criação. Ao mesmo tempo, as forças que lutam para obter igualdade são tão necessárias à criação como as que destroem essa igualdade.

Igualdade absoluta, que significa perfeito equilíbrio de todas as forças em luta em todos os planos, jamais poderá existir neste mundo. Antes que alcanceis tal estado, o mundo ter-se-ia tornado de todo inadequado para qualquer espécie de vida, e não haverá aqui ninguém. Verificamos, portanto, não só que todas essas idéias do milênio e de igualdade absoluta são impossíveis, mas, também, que se tentarmos levá-las adiante, elas nos conduzirão, sem dúvida alguma, ao dia da destruição. Que faz a diferença entre um homem e outro? É, amplamente, a diferença no cérebro. Hoje em dia, ninguém, a não ser um lunático, dirá que todos nascemos com o mesmo potencial cerebral. Vimos ao mundo com dotes desiguais. Vimos como homens maiores ou menores, e não e possível que nos afastemos dessa determinada condição pré-natal. Os índios americanos viveram neste país durante milhares de anos, e apenas um punhado de vossos ancestrais vieram ter a esta sua terra. Que diferença realizaram estes no aspecto do país! Por que não fizeram os índios melhoramentos nem construíram cidades, se eram ambos iguais? Com vossos ancestrais aportou ao país uma espécie diferente de energia cerebral, vieram diferentes complexos de impressões passadas, e manifestaram-se. Absoluta não-diferenciação é morte. Enquanto este mundo durar, a diferenciação existirá e deverá existir, e o milênio de perfeita igualdade só surgirá quando um ciclo de criação alcançar seu fim. Antes disso, a igualdade não pode existir.

Ainda assim, essa idéia de interpretar o milênio é uma grande força motriz. Tanto é necessária a desigualdade para a própria criação, como a luta para limitá-la. Se não houvesse luta para nos libertarmos e voltarmos para Deus, também não teria havido criação. É a diferença entre essas duas forças que determina a natureza dos motivos dos homens. Haverá sempre esses motivos para trabalhar, alguns tendendo para o aprisionamento, e outros para a liberdade.

A roda deste mundo dentro de uma roda é um mecanismo terrível. Se pomos nossas mãos nela, assim que somos apanhados desaparecemos. Todos pensamos que quando tivermos cumprido um determinado dever, estaremos em paz, mas antes que tenhamos feito uma parte desse dever um outro já está à nossa espera. Todos estamos sendo arrastados por essa poderosa, complexa máquina mundial. Só há duas maneiras de se sair dela. Uma é abandonar toda preocupação com a máquina, deixá-la andar e permanecer de lado - desistir de nossos desejos. Isso é muito fácil de dizer, mas quase impossível de fazer. Não sei se em vinte milhões de homens, um poderia fazer tal coisa. A outra maneira é mergulhar no mundo e aprender o segredo do trabalho. Esse é o caminho da Karma-Yoga. Não fujais das rodas da máquina do mundo, mas permanecei dentro dela e aprendei o segredo do trabalho. Através de trabalho adequado, feito interiormente, também é possível realizar. O caminho de saída é através dessa maquinaria.

Vimos agora o que é o trabalho. É parte do fundamento da natureza, e prossegue sempre. Os que acreditam em Deus, compreendem isso melhor, porque sabem que Deus não é um ser tão incapaz que necessite de nossa ajuda. Embora o universo continue sempre, nossa meta é a liberdade, nossa meta é a abolição do egoísmo. E, segundo a karma-yoga, é pelo serviço que se atinge essa meta. Todas as idéias que visem tornar o mundo perfeitamente feliz, podem ser boas forças motrizes para fanáticos, mas devemos saber que o fanatismo dá origem tanto ao mal quanto ao bem. O karma-yogue pergunta por que desejais um motivo qualquer a não ser o amor inato da liberdade. Colocai-vos acima dos motivos "dignos". "Tendes direito ao trabalho, mas não aos frutos dele.- O homem pode educar-se para conhecer e praticar isso, diz o karma-yogue. Quando a idéia de fazer o bem se torna uma parte de seu próprio ser, então ele não mais procurará motivos fora de si mesmo. Façamos o bem porque é bom fazer o bem. Quem faz bom trabalho, mesmo para ganhar o céu, aprisiona-se, diz o karma-yogue. Qualquer trabalho feito com o menor dos motivos egoísticos, em lugar de nos fazer livres, forja ainda uma cadeia para nossos pés.

Assim, a única forma é abrir mão de todos os frutos do trabalho, desapegar-se deles. Saber que este mundo não é "nós", nem nós somos este mundo. Que realmente não somos o corpo, que realmente não trabalhamos. Somos o Eu, eternamente em repouso e em paz. Por que estaríamos presos ao que quer que fosse? É muito bom dizer que deveríamos ser perfeitamente desapegados, mas de que forma o seríamos? Todo o bom trabalho que façamos sem motivo ulterior, em lugar de forçar nova cadeia, romperá os elos das cadeias já existentes. Cada bom pensamento que enviamos ao mundo, sem pensar em retribuição, será armazenado e romperá um elo da cadeia, e nos tornará cada vez mais puros, até que nos tornemos os mais puros dos mortais.

Deixai-me dizer-vos, em conclusão, umas poucas palavras sobre um homem que levou o ensinamento de Karma-Yoga à prática. Esse homem é Buda. Levou-o à prática perfeita. Buda é o único profeta que disse: "Não me importa conhecer vossas teorias sobre Deus. Que adianta discutir todas as doutrinas sutis sobre a alma? Fazei o bem e sede bons, e isso vos trará liberdade e a verdade que existir". Em sua conduta na vida, ele era absolutamente destituído de motivos pessoais. Que homem trabalhou mais do que ele? Mostrai-me na história uma personalidade que tenha pairado tão alto. Toda a raça humano. produziu apenas uma personalidade assim, uma filosofia tão elevada, uma simpatia tão ampla.

Esse grande filósofo, pregando a mais alta filosofia, ainda assim teve a mais profunda comiseração pelo mais ínfimo dos animais, e jamais vindicou algo para si próprio. Ele é o karma-yogue ideal, agindo inteiramente sem motivos. É o primeiro grande reformador que o mundo viu. Foi o primeiro que ousou dizer: "Não acrediteis porque vos mostraram alguns velhos manuscritos. Não acrediteis por se tratar de vossa crença nacional, fizeram acreditar desde a vossa infância. Provai vossa crença e depois que a tiverdes analisado descobrirdes que e fará bem a todos, então acreditai nela, vivei-a, e ajudai outros porque vossa crença, a vivê-Ia e a acreditar nela".

Trabalha melhor quem trabalha sem interesse algum - nem por dinheiro, nem por fama, nem por qualquer outra coisa. O homem que fizer isso, será um Buda ' e dele virá o poder de trabalhar de tal maneira que transformará o mundo. Esse homem representa o próprio e mais alto ideal da Karma-Yoga.

Quatro Yogas deAuto-Realização


Swami Vivekananda