sábado, 2 de julho de 2011

Auto-realização através do amor a Deus (Bhakti-Yoga) - quinta parte

Só esta bendida'1oucura de amor divino pode curar para sempre a doença do mundo que estd em nós.


- Quando se atinge o mais alto ideal de amor, a filosofia é expulsa. Quem se importará com ela? Liberdade, salvação, nirvana - tudo é expulso. Quem se importa de tornar-se livre enquanto no gozo do amor divino? "Senhor, eu não desejo riquezas, nem amigos, nem beleza, nem conhecimentos, nem mesmo liberdade. Fazei-me nascer muitas e muitas vezes, e sê sempre o meu amor. Sê sempre o meu amor.- "Quem quer tornar-se açúcar?" - diz o bhakta. "Desejo provar o açúcar." Quem, pois, desejará tornar--se livre o uno com Deus? -Possosaber que sou Ele, e contudo d'Ele me afastarei e me tornarei diferente, afim de poder gozar do Bem-amado." Isso é o que diz o bhakta. Amar por causa do amor é o seu maior deleite. Quem não se deixaria prender, de pés e mãos, mil vezes, para se deleitar no Bem-amado?

Ao bhakta nada interessa, exceto amar e ser amado. Seu amor extraterreno é como a maré subindo o rio. Esse amante sobe o rio, contra a correnteza. O mundo chama-o de louco. Conheço um que o mundo costumava chamar de louco, e esta era a sua resposta: Meus amigos, o mundo inteiro é um hospício. Uns são loucos pelo amor mundano, e outros pelo nome, uns pela fama, e outros por dinheiro, uns pela salvação, e outros para ir ao céu. Nesse grande hospício, também eu sou louco; sou louco por Deus. Se sois loucos por dinheiro, eu sou louco por Deus. Sois loucos; eu sou louco. E penso ser a minha loucura, afinal, a melhor". O amor do verdadeiro bhakta é esta ardente loucura, ante a qual tudo o mais se lhe desvanece. Todo o universo está, para ele, cheio de amor, e de amor apenas. Assim parece ao amante. Portanto, quando um homem tem esse amor em si, torna-se bem-aventurado para sempre, eternamente feliz. Só essa bendita loucura de amor divino pode curar para sempre a doença do mundo que existe em nós. Com o desejo, desvaneceu-se o egoísmo. Ele se aproximou de Deus, e expulsou todos os vãos desejos de que antes estava repleto.

Todos temos de começar como dualistas na religião do amor. Deus é, para nós, um ser separado, e nos sentimos também como seres separados. Então o amor intervém, e o homem começa a aproximar-se de Deus. Deus também começa a estar mais perto do homem. O homem experimenta todas as relações da vida - como pai, como mãe, como filho, como amigo, como senhor, como amante - e projeta-as em seu ideal de amor, em seu Deus. Para ele Deus existe sob aquelas manifestações. E o ápice do progresso é atingido quando ele sente que se tornou absolutamente imerso no objeto do seu culto.

Todos começamos com o amor por nós mesmos, e as solicitações incorretas do eu inferior tornam egoísta o próprio amor. Por fim, entretanto, vem o fulgor integral da luz, na qual se vê este eu inferior unificar-se com o Infinito. O homem se transfigura na presença desta luz de amor, e compreende, finalmente, a bela e inspiradora verdade de que o amor, o amante, e o amado são um só.

Quatro Yogas deAuto-Realização


Swami Vivekananda

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